O faixa-roxa Nicholas Meregali (Alliance), de 20 anos, superou nove oponentes para garantir suas duas medalhas de ouro no Brasileiro de Jiu-Jitsu, realizado no último fim de semana, em São Paulo.
O aluno de Mário Reis fechou o pesado com o companheiro de equipe Caio Paganini e venceu o absoluto em grande estilo, ao estrangular Rafael Vasconcelos (Cícero Costha) pelas costas.
O gaúcho também venceu peso e absoluto no Pan em 2015. Para conquistar seu plano no Jiu-Jitsu, resta o ouro duplo no Mundial da IBJJF, no fim de maio. E é esse o maior objetivo do jovem, que sonha encerrar seu ciclo na faixa-roxa de forma galáctica.
Número 1 no ranking mundial roxa, Nicholas conversou com GRACIEMAG sobre a conquista no Brasileiro, relembrou a derrota no Mundial 2014 e destrinchou as lições que o fizeram colocar a cabeça no lugar para seguir a jornada. Confira:
GRACIEMAG: Você há um tempo entra em todos os campeonatos como favorito. Ter esse status de ser o melhor faixa-roxa do mundo segundo o ranking da IBJJF deixa uma pressão em seus ombros?
NICHOLAS MEREGALI: Já deixou, mas isso é um obstáculo que já superei. Minha briga psicológica hoje é tentar buscar a felicidade mesmo nos momentos tensos de uma competição. É difícil, mas acredito que esse seja o diferencial para alcançarmos o ápice espiritual. Sobre os títulos no Brasileiro, acho que não existe segredo e sim, dedicação. Temos de fazer escolhas corretas e seguir por caminhos que nos tornem merecedores, sem passar por cima de ninguém.
Você fez uma luta empolgante com Rafael Vasconcelos (Cícero Costha) na final do absoluto, no Brasileiro. Como foi?
O Rafael é um atleta muito versátil. Eu fui raspado no início, e logo após devolvi, raspando da guarda-X e depois fiquei variando passagens. Depois de um tempo consegui entortar e peguei as costas. De lá, encaixei o estrangulamento e não perdi a posição, finalizei. Fiz nove lutas no total, entre o peso e o absoluto. Todas elas tiveram momentos diferentes. A final do absoluto contra o Rafael, com certeza, foi a luta que mais mexeu comigo, pela curiosidade e ansiedade. Eu estava sentindo muita dor e todas as pessoas que estavam comigo naquele momento fizeram com que eu lutasse por elas. Final é sempre diferente, independente da situação.
Como você vê seu começo de temporada em 2015? Melhor ou abaixo que 2014?
Meu início de ano foi perfeito, aconteceram algumas coisas que deram o choque que eu precisava. Acordei para a realidade, uma realidade que eu ainda não tinha noção. Foi muito difícil encontrar o caminho correto, sou novo e erro muito, mas acredito que agora a evolução apenas segue. Comparado com 2014, acredito que foram aprendizados diferentes e só valeram a pena, pois onde quero chegar não vou poder cometer esses deslizes novamente. O Mundial da IBJJF 2014 foi o maior aprendizado da minha vida. Estava sendo arrogante e prepotente com pessoas ao meu redor que só queriam o meu bem. Acabei recebendo esse aprendizado divino de uma maneira dolorosa, difícil de digerir, mas tenho a certeza de que veio na hora certa.
Você perdeu a final do absoluto roxa, em 2014… E agora, qual o sentimento antes de voltar a lutar o maior torneio de Jiu-Jitsu, agora em maio?
Estou muito ansioso para este momento. O absoluto mundial é o título que falta para fechar com chave de ouro meu ciclo na faixa-roxa. Gostaria muito de vencer, me dediquei, treinei, abdiquei de muita coisa e estou tendo atitudes corretas com todos. Se fosse escolher palavras para este momento seriam ansiedade e felicidade, por poder viver isto. Acho que o Mário Reis não passa apenas ensinamentos de Jiu-Jitsu, ele passa ensinamentos para a vida, como caráter, respeito, palavra de homem, e eu procuro muito me espelhar nele em todos os sentidos. Sei que se estou com ele é porque admiro suas qualidades e sei os seus defeitos, quero evoluir junto a ele e lhe dar o máximo de orgulho.