Com nove competidores no total, o peso-galo faixa-preta no Mundial de Jiu-Jitsu 2015 começou praticamente no domingo, 31 de maio. No sábado, apenas Washington Lima (GFTeam) avançou num dos 12 tatames azuis da Pirâmide de Long Beach, na Califórnia, ao vencer Andrea Verdemare (Cyclone).
No domingo, o mesmo Washington voltou para realizar a primeira luta do Mundial no domingo, às 9h30 da manhã, no horário local (13h30 em Brasília). Mas seria uma honra espinhosa: do outro lado, estava o então hexacampeão mundial Bruno Malfacine, que vem vencendo o campeonato da IBJJF como faixa-preta, com dois breves hiatos, desde 2007.
Bruno mostrou, então, que um Mundial faixa-preta não começa no sábado nem no domingo, e é resultado de anos e anos de jornada, mudanças de casa, escolhas, troca de conhecimento com os parceiros de equipe e muito, muito treino duro: com um movimento fulminante de passagem de meia-guarda, Malfa fez um arco com a perna, caiu do lado e já escorregou para as costas quando o oponente tentou virar de quatro. Foi estrangular e avançar para a semifinal.
Rafael “Barata” Freitas era a próxima parada, e vendeu caro a vaga para a final. Mas Malfa estava com tudo, e no fim conseguiu finalizar o professor da GB no braço.
Enquanto isso, do outro lado da chave, o vice do ano passado também confirmava que Mundial é treino e constância. Foi em 2010 a primeira vez que vi João em ação, num torneio pequeno no clube Pinheiro, em São Paulo, um evento organizado por Gabriel Vella. “Ninguém passa a guarda desses dois faixas-azuis, você tem de ver”, disse-me Vella.
João só melhorou de lá para cá, com muita devoção aos treinos. E sua caminhada também não foi moleza no domingo: primeiro, encarou o infinalizável japonês Koji Shibamoto (Tri-Force), raspado e berimbolado até o fim dos dez minutos regulamentares. O placar ficou em 6 a 0.
A semifinal foi mais tranquila, e João foi logo para as costas de Ivaniel Oliveira e finalizou, aos 3min43s de luta. Novamente, Malfacine e Myao na final: um para beliscar seu sétimo ouro no mesmo peso, um recorde histórico e inédito, o outro para enfim conquistar seu primeiro título na faixa-preta.
Placar igual ao de 2014
E chegou a hora da final, às 16h30 na Califa. No ano passado, a luta entre ambos havia terminado com o placar de 8 a 8, com empate também nas vantagens. João vencia até os últimos segundos, quando tomou a última inversão. E Bruno de fato impressionou mais os três juízes no fim, ao se posicionar para atacar as costas.
Na final deste ano, o incrível placar de 8 a 8 se repetiu, com incessante troca de raspagens dos dois monotrilhos do peso-galo. Com 20 segundos para o fim, Malfacine vencia por 2 vantagens a 1, e a Miyao só restava ligar o turbo ou ficar com a prata depois. Foi o que o guardeiro de olhos puxados fez, e foi com tudo para tentar berimbolar e desequilibrar o campeão, sob os urros e incentivos da Pirâmide quase inteira, que com exceção da Alliance parecia querer ver o Miyao com o ouro no peito. Sob um barulho ensurdecedor, o árbitro se impressionou com a investida de João e deu uma vantagem que empatava a luta. O cronômetro soou com o empate no placar. Mas…
Mas os árbitros auxiliares, de olho no monitor, constataram então, com calma e a ajuda do replay, que de fato não havia sido vantagem. Miyao subiu, mas Malfacine subiu junto, ou seja, a vantagem havia sido equivocada. O árbitro Muzio De Angelis retirou a vantagem e deu o título ao campeão Malfacine.
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Murilo Santana, após a situação acalmar, explicou do que discordou: “O problema é que agora, com os dois árbitros auxiliares de fora olhando pela TV, não sabemos o que está sendo avaliado. Se o João soubesse que a vantagem dele não seria confirmada, ele teria continuado lutando até o fim e o desfecho poderia ser outro. Ele ficou muito chateado, mas luta é isso, ano que vem tem mais”, disse o parceiro dos Miyao.
E ano que vem? Teremos outro 8 a 8 e o octacampeonato de Malfa?
Ou João Miyao vai tomar o trono dos galos? Saberemos em 2016, com um provável novo show de Malfacine e Miyao.