Quais são as dicas que você, Karlona, pode dar aos leitores da GRACIEMAG para eles se tornarem faixas-pretas de sucesso?
A dica fundamental tem a ver com o foco. A sua vida inteira deve convergir para aquilo que você almeja. Além do foco, destaco a determinação, a disciplina e um planejamento de treinos bem organizado.
Quais foram os principais desafios que você teve que vencer ao longo da sua carreira no Jiu-Jitsu?
O primeiro de todos foi o fato de eu ser mulher querendo ocupar meu espaço num esporte majoritariamente masculino. Uma mulher comandando treinos de Jiu-Jitsu… Quando comecei não era como hoje. Todos ficavam surpresos por eu ter tanto aluno. O segundo desafio era ter que fazer “tudo ao mesmo tempo agora”: malhar, trabalhar, treinar, competir, estudar… O terceiro era entrar nas competições e não ver tantas mulheres competindo como hoje. Ficava triste, pois as únicas que via competindo eram faixas-pretas, e eu ainda estava longe de alcançar essa graduação naqueles tempos.
Você gosta mais de competir ou de dar aulas?
Amo competir e sempre quis ser professora, nasci pra isso, ensinar. Mas competir é minha paixão, me sinto mais viva e mais jovem. Sou competidora, o Jiu-Jitsu me conquistou justamente por conta das competições que o meu primeiro professor Marcelo Nigue disse que eu venceria e fui lá conferir. E só retornei às competições porque, anos depois, o Leonardo Ligeirinho me mostrou como estava o Jiu-Jitsu feminino no mundo. Com ranking, premiações… Muito estimulante, sabe?
Com Ligeirinho, seu grande ídolo no Jiu-Jitsu.
Qual foi a sua grande vitória e qual foi a sua derrota mais dura?
Minha vitória no Rio Open da CBJJ, na categoria adulto; e chegando à terceira colocação no absoluto, subindo ao pódio com grandes nomes do Jiu-Jitsu atual. Ser campeã mundial em Las Vegas também foi maravilhoso, eu jamais havia imaginado que viajaria para os EUA para lutar. Lá fora meu nome já era bem conhecido, estava tão bem preparada que as cinco lutas que fiz foram perfeitas. A derrota mais dura foi no Brasileiro Sem Kimono da CBJJ. Na categoria adulto fiz uma luta contra a Talita Treta, na qual fui desclassificada, isso me decepcionou muito. Ainda teve uma outra luta no Sul Americano Sem Kimono IBJJF que foi empate com a Fernanda Mazzelli e a vitória ficou com ela.
Quem foi o seu grande ídolo na carreira, aquela pessoa que serviu como diretriz nas suas grandes decisões?
Leonardo Ligeirinho. Ele me mostrou o “New BJJ” e isso fez toda diferença no meu estilo de luta, pois eu era old school além da conta, sabe? (Risos) Foi treinando com o Ligeiro e me adaptando ao novo que eu dei um salto gigantesco, foi incrível, me deu mais motivação para competir e hoje luto bem tanto no adulto quanto no master.
Em termos de preparação para os grandes eventos, quais foram os modelos de treinamento que realmente surtiram efeito no seu desempenho?
Sou professora de educação física e com o tempo fui analisando alguns competidores de ponta, tanto homem como mulher também, e moldando minha preparação. Moldava a preparação do Ligeirinho também, e assim fomos lutando e conquistando os principais eventos de Jiu-Jitsu. Hoje sou treinada por outra profissional, a Erika Mendonça, pois tem horas que é chato a gente “se treinar.”
Se você tivesse que recomeçar a sua carreira no Jiu-Jitsu, o que você faria diferente? Ou seja, quais erros você evitaria repetir?
Começaria tendo mais disciplina, pois não era muito disciplinada na faixa-branca e na azul, e acabei sendo derrotada no meu primeiro Brasileiro por não ter disciplina. Queria sair e estar em festas sempre… Perdi a final de um Brasileiro por não ter força e me cansar rápido, hoje sou completamente diferente.
Quais são as suas metas para o futuro?
Quero ser campeã mundial pela IBJJF na divisão adulto. Quero ampliar meu CT, fazer minha aluna Erika Aguiar campeã mundial master e ser campeã no mesmo evento junto com ela…
Qual é a frase motivacional que você gosta de repetir para você mesmo quando está passando por uma situação difícil?
Não há milagres sem sacrifícios.