Quinze anos antes do Pan de Jiu-Jitsu que se inicia neste 8 de março e vai até o dia 11, a IBJJF promoveu uma edição histórica do evento, no campus da Universidade de Santa Bárbara. Eram outros tempos – não havia transmissão ao vivo pela internet, os competidores eram pouco mais de 900 e, meu deus, o YouTube nem havia sido inventado!
Nos tatames, craques hoje consagrados, como Roberto Gordo, Marcio Feitosa, Paulo Guillobel, Alexandre Café, Cassio Werneck, Fabio Leopoldo, Fabricio Werdum e Rener Gracie, além de um jovem Bráulio Carcará (veja vídeo abaixo). No feminino, Kyra Gracie, Leticia Ribeiro e Leka Vieira dominaram.
O cara a ser batido, no entanto, era Marcio Pé de Pano, que voltou do evento californiano, que só teve lutas com kimono, com a “bobagem” de três medalhas de ouro. Por que três, o leitor pergunta? O parágrafo a seguir responde.
Além do peso e o absoluto – onde Marcio montou e finalizou um novato Werdum, na disputa do ouro –, a IBJJF lançou pela primeira vez uma disputa de seleções, entre Brasil e Estados Unidos. Sim, 15 anos antes dos clássicos Mikey Musumeci x João Miyao ou Leandro Lo x Keenan Cornelius, Brasil e EUA já se encaravam num duelo que eletrizou o ginásio.
Na disputa dos selecionados, Rener Gracie levantou a torcida local ao finalizar Fabio Leopoldo num triângulo; mas haviam mais 20 lutas Brasil x EUA, e os americanos venceram apenas mais duas. No fim, a seleção do Brasil levou sem problemas, graças a vitórias como as de Marcio Feitosa, nas vantagens, contra Shawn Williams, e o atropelo de um embalado Marcio Pé de Pano, que finalizou Rob Handley.
O discurso de Carlos Gracie Jr, na manhã daquele dia 25 de abril de 2003, comprovava o caráter histórico do torneio, e antecipava o surgimento de muitos craques ainda – no Brasil, nos EUA e mundo afora:
“Hoje é um dia importante para todos os envolvidos no Jiu-Jitsu. Nas próximas horas, dois times de países distintos vão se confrontar numa competição justa. Eu posso dizer ‘justa’ porque, nesta disputa, pela primeira vez na história do esporte, as seleções vão ter o mesmo número de atletas, as mesmas chances de vitória (…) Os lutadores que vão competir aqui, hoje, vão poder dizer aos seus filhos que foram membros do primeiro time nacional da história do Jiu-Jitsu (…) Em 1995, visando a desenvolver o Jiu-Jitsu nos EUA, nós organizamos o primeiro Pan da modalidade, e agora podemos ficar orgulhosos constatando o nível atual do esporte. É fácil prever como o Jiu-Jitsu estará grande daqui a uns anos (….). É o início de uma estrada longa, mas o que temos conquistado mostra que estamos no caminho certo. Agradecemos aos patrocinadores, que nos ajudam a organizar os campeonatos; às famílias dos competidores, que apoiam seus parentes nesse duro esporte; e aos atletas, porque sem eles não existiriam as competições. Boa sorte a todos e obrigado.”