Nos cinemas, Sérgio Mallandro ensina que faixa-preta também chora

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Mallandro com sua turma da equipe Carlson, ao receber a faixa-preta de Jiu-Jitsu em fevereiro de 2019. Foto: Reprodução/GRACIEMAG

Sérgio Mallandro, de 68 anos, é um gaiato que deu certo.

Após fazer sua turma de praia gargalhar com gírias e brincadeiras, o aluno de Carlson Gracie foi convidado, graças ao amigo e ator André De Biase para fazer um teste para o filme “Menino do Rio”, de 1982. Renato Aragão, o popular Didi, curtiu o astral do novo comediante e o escalou para outro sucesso dos cinemas, “O Trapalhão na Arca de Noé”, em 1983.

Mas nem tudo foi risada na vida do humorista, que se viu anos depois diante de uma verdadeira porta dos desesperados.

“Eu saí do ar em 1996 e fiquei três anos fora da TV, em uma época em que, se a televisão não te contratasse, você não tinha para onde correr”, lembrou o faixa-preta, em entrevista ao jornal “O Globo”. “Hoje, com as redes sociais, o artista é mais independente, tem mais oportunidades. Quando eu saí do ar, comecei a vender todo meu patrimônio. Perdi tudo que tinha juntado entre 1982 e 1995. Nesses três anos fora do ar, precisei vender tudo. Vendi minha casa de Búzios, casa aqui, casa lá, apartamento. Fui perdendo, fui perdendo, até que de repente eu tinha só 7 reais na conta.”

Sérgio então teve um de seus maiores aprendizados, uma das grandes lições que teve fora dos tatames, longe dos estúdios e emissoras:

“Certo dia um oficial de justiça bateu na minha porta para levar meu último carro. Ele ficou surpreso e disse que eu era ídolo do filho dele, que tinha 9 anos e estava com um câncer. Pedi para ele esperar e fui buscar um presentinho – achei um bonequinho que fazia glu-glu e dei a ele. Ele ficou sem jeito, sem querer mais levar o carro embora. Mas eu disse para ele não confundir as coisas, que ele precisava fazer o trabalho dele. Quando ele desceu minha rua com o carro, desandei a chorar”, recordou Mallandro.

“E não chorei pelo meu carro ou pela minha pindaíba. Foi porque percebi que, dentro da minha casa, eu tinha os meus três filhos saudáveis. Percebi que não tinha problemas, mas apenas obstáculos. Problema é chegar no hospital e o médico falar que você vai perder a pessoa que você ama. Boleto pra pagar, geladeira vazia, briga com a esposa são obstáculos. Eu só tinha o obstáculo de precisar retomar minha vida de artista.”

Serginho Mallandro então fez apresentações no interior, visitou circos com mais cachorros que pessoas na plateia, até que ganhou nova chance na TV, em 1999. Uma lição que o espectador agora pode aprender com “Mallandro: o errado que deu certo”, filme do diretor Marco Antonio Carvalho com Zico, Xuxa e grande elenco.

“O filme mostra como você pode não desistir das suas coisas. O homem não morre, meu glu-glu, quando deixa de existir, ele morre quando deixa de sonhar”, filosofou Mallandro nas páginas de “O Globo”. “Ah, e vai vir o Oscar. Eu sonhei que recebia o Oscar. Só não sei se era o Troféu Imprensa.”

Ié, ié, Oss!

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