Em 2017, um jovem americano de Nova Jersey viajou até Espoo, na Finlândia, para dar uma senhora chacoalhada no cenário das artes marciais. Foi na categoria até 88kg do ADCC 2017 que Gordon Ryan, na época com 22 anos, confirmou que tinha garrafas para vender no cenário do Jiu-Jitsu, ao enfileirar Dillon Danis (decisão), Romulo Barral (mata-leão), Xande Ribeiro (decisão) e Keenan Cornelius (guilhotina). Isso sem falar no absoluto, em que o atleta da academia Renzo Gracie, aluno de John Danaher, Tom DeBlass, Garry Tonon, tratou de finalizar Roberto Cyborg (calcanhar), Craig Jones (katagatame) e Mahamed Aly (calcanhar). Só mesmo o não menos fenomenal Felipe Preguiça poderia pará-lo, como o brasileiro fez na final do aberto, pelo placar de 6 a 0.
Antes do ADCC 2017, Gordon Ryan já havia finalizado craques do Jiu-Jitsu sem pano como Yuri Simões e Keenan Cornelius, e sua fama como provocador nas redes sociais só fazia subir. Mas foi na Finlândia que o mundo das luta parou para avaliar seus atributos reais e técnicas letais. “Até o último ADCC ele era mais famoso na internet do que nos torneios (risos)”, provocou Fabio Gurgel, um dos novos fãs do finalizador. “Mas de fato o menino tem um Jiu-Jitsu completo, é bom passador, tem um ajuste diferenciado na chave de calcanhar e suas finalizações assustam a concorrência.”
Gordon Ryan começou a treinar Jiu-Jitsu com 15 anos. Peso leve no início de sua ascensão como lutador, ele hoje tem batido mais de 96kg na balança, após um planejamento sério de musculação e nutrição. No Pan Sem Kimono da IBJJF, em setembro de 2018, venceu suas cinco lutas por finalização e foi ouro no peso pesadíssimo e no absoluto. Entusiasta das lutas sem tempo até a finalização, o americano de 2013 para cá fez mais de cem lutas e perdeu apenas sete – só batucou uma vez
em cinco anos de competição: para o arquirrival Felipe
Preguiça, em 2016.
A seguir, nossa equipe lista alguns dos principais ensinamentos e aprendizados de Gordon Ryan para você fortalecer sua mentalidade de lutador.
“Passo a luta inteira procurando finalizar meu rival. É a minha meta o tempo todo, mas isso não quer dizer que eu perca a noção do espaço da área de luta, do tempo e do que mostra o placar.”
“Meu objetivo era demonstrar que eu era o melhor competidor sem kimono que existe no meu peso, e vencer o ADCC sem tomar pontos me fez comprovar o que eu queria. Agora minha meta é ser o melhor competidor com kimono também, e vou trabalhar incansavelmente para isso. Só depois vou para o MMA.”
“O ADCC na Finlândia foi a minha primeira participação no evento e foi ótimo vencê-lo, claro, mas procuro encarar a conquista como mais uma série de problemas que solucionei contra os adversários que foram aparecendo. É tudo sobre desenvolver algumas novas habilidades.”
“Adversários experientes e tarimbados não me impressionam, pois no dojô do Renzo aparecem alguns dos maiores faixas-pretas do mundo, wrestlers e campeões do UFC, e tenho oportunidade de treinar com eles há anos. Alguns oponentes trazem jogos diferentes para o tabuleiro, claro, mas eu costumo estudar muito os vídeos deles.”
“Encaro minhas lutas sem a menor pressão. Primeiro, porque tenho apenas 23 anos e se eu for finalizado de cara terei dezenas de outros campeonatos para tentar vencer; segundo, porque na minha academia estão todos querendo pegar meu pescoço o tempo todo.”
“Procuro assistir a todos os vídeos de luta de Jiu-Jitsu com e sem kimono que encontro pela frente.”
“Em minha rotina na academia tenho nove companheiros regulares de treino. Mas são nove caras perigosíssimos e que dão muito duro nos treinos. Então não é o tamanho da academia que conta, você não precisa ter um exército de 40 caras duros para treinar para chegar onde quer.”