A IBJJF decidiu dar um passo a mais em direção ao profissionalismo do esporte, e este ano anunciou premiações em milhares de dólares para o Mundial de Jiu-Jitsu, no fim de maio. Semanas antes, a Federação maior do esporte divulgou que o Brasileiro de Jiu-Jitsu, em abril, terá prêmios de até 10 mil reais.
Já no Mundial da Califórnia, o campeão e a campeã na faixa-preta absoluto vai faturar 10 mil dólares, fora o prêmio para as categorias de peso, entre 4 e 7 mil dólares, dependendo do número de inscritos.
Atual recordista em títulos, o craque da Checkmat Marcus Buchecha se disse feliz e empolgado com a novidade: “Estou muito feliz, e tenho certeza de que não sou só eu, e sim todos os atletas, principalmente os faixa-pretas”, disse Buchecha. “Admiro a iniciativa da IBJJF, já estava mais do que na hora. É um primeiro passo, mas o esporte ainda tem muito a crescer e melhorar.”
Roger Gracie, outro bicho-papão em medalhas de ouro em seus tempos, também elogiou: “Pena que não foi na minha época”, disse o astro, já aposentado. “eu podia estar com o bolso mais recheado (risos). Em relação aos pódios, acho que não vai fazer muita diferença em termos de resultados. Quem entrava no absoluto era porque tinha chance de ser o campeão, ninguém vai passar a entrar agora pelo prêmio. O dinheiro não vai fazer mais gente entrar. Mas é uma novidade muito legal para quem já disputava o torneio, e agora tem a chance de bancar todo o seu treinamento com o prêmio. Ótimo para os atletas, ótimo para o esporte.”
Já Rodolfo Vieira, o rolo compressor da GFTeam campeão absoluto em 2011, diz que pode estar balançado a reaparecer no Mundial: “Tomara que a CBJJ e a IBJJF mantenham as premiações e só aumentem. Agora sim estamos começando a profissionalizar o esporte. Se tem chance de eu voltar a competir? Agora, um pouquinho mais! (Risos)”
Houve, porém, quem não se empolgasse com a novidade, como o campeão da Alliance Lucas Lepri: “Espero que a intenção seja iniciar com esse valor e ir subindo, mas acho que já deveriam ter iniciado com um valor maior. Sempre lutei visando ao título da IBJJF e esse é o meu foco principal, independente do dinheiro”, comentou Lucas. “Há outros torneio menores que pagam mais ou menos o mesmo valor, então se eles decidiram premiar em dinheiro no Mundial deveria ser um valor mais alto, acho eu.”
Já a atual campeã mundial absoluta Tayane Porfírio, também da Alliance, diz como a grana pode ajudar na prática: “Batalhamos muito dia a dia nos treinos, para conquistar a faixa-preta em nível competitivo. Antes se lutava apenas pela expressão do título, agora vamos poder competir e ganhar por isso, e assim suprir as necessidade de treino e outras despesas.”
Para a campeã paulista Talita Treta, a igualdade entre lutadores e lutadoras foi mais um bônus: “As meninas ficaram mais felizes ainda, porque os valores são os mesmos no masculino e no feminino. Isso vai movimentar todo o cenário, quem não tem pontos vai passar a lutar mais os opens pra poder lutar o Mundial, e trazer ainda mais valor ao título”, disse Treta. “Tudo é uma busca de melhora e muitas pessoas acham algo para criticar, mas daqui a pouco na certa vai ter grana pro master, faixas coloridas, terceiros lugares. A intenção é sempre evoluir. É sempre bom ter uma grana, maior galera brigou por isso, mas também devemos continuar a lutar pelo prestígio de sermos campeões mundiais. O Mundial nunca valeu dinheiro e os melhores sempre estiveram lá, enquanto outros torneio valiam dinheiro e nem sempre estavam com os melhores.”
Atual campeão mundial, Mahamed Aly fez coro: “Foi a parada mais irada igualar os prêmios, porque a mulherada também trabalha duro, né? Uma pena não ter sido antes, pois homens e mulheres que fizeram muito pelo Jiu-Jitsu não terão esse benefício, mas estou feliz de ter começado agora – tinha de começar alguma hora, e espero estar nessa primeira leva de campeões premiados.”
Para Claudinha Do Val e Isaque Bahiense, a medida deve atrair mais atletas no futuro: “A IBJJF mostra que está valorizando mais seus atletas, e esse passo vai trazer mais evolução, mais atletas inscritos, mais patrocinadores”, diz Isaque. “Vamos ter ainda mais força no Jiu-Jitsu. Estávamos precisando disso pro nosso esporte ir para frente”. Para Claudinha, “em breve seria legal ver os terceiros premiados também, mas tudo tem de começar num ponto.”
Já a primeira campeã mundial absoluta, Michelle Nicolini, diz que não voltaria a competir pelo dinheiro, apesar de elogiar muito a novidade. “Sensacional, já era hora, né? Eu nunca lutei pelo dinheiro e não seria agora. Gosto de pensar em superlutas hoje. Mas é a vez das meninas dessa geração. Fico feliz de ter amigos com chances de ganhar o Mundial e ainda levar os prêmios.”
Para Gustavo Batista, da Atos, a medida prova que os lutadores de Jiu-Jitsu vencem qualquer luta. “Essa valorização, merecida, não deixa de ser fruto do trabalho e dedicação de todos os atletas mais antigos, que fizeram a história do Jiu-Jitsu mesmo sem ter a premiação em dinheiro por todos esse anos. Acredito que todos estamos realmente iniciando a profissionalização do Jiu-Jitsu neste Mundial 2019”.
E você, como acha que o Mundial 2019 com prêmios em dólares vai mudar a cara do esporte, fiel leitor?