Rafael Mendes, 25 anos, abriu sua temporada de forma diferente este ano. O astro da Atos viajou até a Chechênia, na Rússia, para ensinar suas técnicas favoritas e duelar num confere casado, sem limite de tempo, até a finalização.
O tetracampeão mundial exibiu a forma técnica de sempre, e finalizou o duro rival Osvaldo Queixinho (CTA) duas vezes, com e sem kimono. As vitórias foram obtidas nas costas, via estrangulamento.
Em bate-papo instrutivo com GRACIEMAG, Rafa conta por que não lutou o Europeu, comenta as vitórias sobre Queixinho, analisa a divisão dos penas e deixa boas lições de Jiu-Jitsu.
GRACIEMAG: Vocês lutavam todos os eventos do ano. A ideia agora é se concentrar apenas no Mundial em maio?
RAFAEL MENDES: Não vamos nos concentrar apenas no Mundial, vamos apenas selecionar melhor o que vamos lutar, faz parte da evolução do atleta. Para nós não existe ganho em lutar eventos pequenos, preferimos nos concentrar no desempenho dos nossos alunos. Nós vamos lutar eventos que nos trarão benefícios. O Europeu não estava em nossa agenda este ano, estamos priorizando campeonatos que vão adicionar mais do que medalhas. Na Chechênia, tivemos a oportunidade de conhecer novas pessoas, um lugar diferente e receber pelo show. Acreditamos que este é o nosso objetivo agora: selecionar melhor onde competimos. Não há necessidade de vencer mais um Europeu ou um Pan, afinal estamos construindo nossas famílias e temos nossos negócios. É hora de usufruir de todo o trabalho que fizemos e de todas as medalhas que colocaram nosso nome no patamar que está hoje. É o processo natural, estamos mais seletivos e isso permite que novos talentos brilhem.
Como foram as vitórias sobre o Osvaldo Queixinho?
Finalizei as duas usando o estrangulamento pelas costas. Conheço o Queixinho há bastante tempo, eu o venci na faixa-roxa e depois nunca mais lutamos. Foi uma experiência legal, ele vem de boas vitórias e acredito que muitas pessoas queriam ver esta luta. Agradeço a ele pelas lutas, ele tem todo o meu respeito.
Sua categoria, o peso-pena, já foi dominada por nomes como Royler Gracie, BJ Penn, Frédson Paixão, Mário Reis e Rubens Cobrinha. Agora tetracampeão mundial, qual é o seu lugar nessa lista?
A reportagem de GRACIEMAG me fez a mesma pergunta numa entrevista em 2010, antes de eu lutar pelo meu segundo título mundial, e respondi que estava atrás de todos eles. Hoje me vejo à frente de todos eles. Os únicos que possuem o mesmo número de títulos que eu são Royler e Cobrinha. Mas ambos possuem mais de 33 anos e tenho apenas 25. Trabalhei duro e cheguei!
Que dica de Jiu-Jitsu você deixa para nosso leitor?
Estou na melhor fase da minha vida e hoje vejo o quanto valeu a pena todo sofrimento do passado, meu irmão Gui e eu trabalhamos duro sem nunca perguntar o motivo. Competimos todos os eventos, ficamos nervosos, sentimos frio na barriga, encaramos desafios e tivemos de dar a volta por cima várias vezes. Aprendemos a viver nessa montanha-russa, onde um dia você está vencendo e no outro está triste. Hoje temos uma estrutura emocional muito mais forte por causa do Jiu-Jitsu. O Jiu-Jitsu nos ensinou a ser corajosos, superar desafios e ser persistentes na luta pelos nossos sonhos. Agora é a hora de compartilhar isso com nossos alunos e a comunidade do Jiu-Jitsu. Para ser campeão e manter os bons resultados por anos consecutivos, é necessário uma força mental fora do comum. Para ser campeão nada se adianta ter técnica boa, se a cabeça é fraca.