A paisagem mais característica do Oriente Médio são seus imensos e intermináveis desertos. Aonde você for, inevitavelmente, acabará se deparando com um mar de areia. E esta imagem da imensidão do deserto, desprovida de referenciais de localização, sempre fez que os beduínos se tornassem homens sábios, pois as respostas para sua sobrevivência sempre foram encontradas no seu íntimo.
Após a primeira edição do UFC em solo árabe, e queremos sim que seja só a primeira, não se sabe se o show correspondeu à imensa expectativa depositada no excelente card programado. Com exceção da derrota de BJ Penn, não houve grandes surpresas. E ninguém aqui nos Emirados imaginava que Renzo se mostrasse tão sem fôlego ou Anderson tão soberbo.
Renzo, uma das figuras mais carismáticas do meio e que tem como marca registrada lutar com o coração surpreeendeu por seu cansaço. Anderson, que para quem teve a oportunidade de conhecê-lo, possui como característica uma imensurável humildade, fez uma apresentação onde a arrogância extrapolou os limites do desrespeito.
Após o combates, Renzo mostrou-se de certa forma resignado com o resultado, admitiu que os seis meses de treinamento não foram talvez suficientes para superar a idade de mais de dez anos acima da média dos lutadores do UFC, nem seu coração de guerreiro foi suficientemente forte para vencer os pulmões. Anderson não conseguiu encontrar desculpas por suas atitudes e acabou por render-se ao fato de que lhe faltou humildade frente a Demian Maia.
Apesar disto, as demais lutas, a estrutura, o público e a importância que se deu no mundo árabe deram um brilho especial ao evento.
Esperemos que o deserto de Abu Dhabi inspire vencidos e vencedores a um momento de reflexão e que os mesmos possam reencontrar seus verdadeiros caminhos. Os caminhos que os trouxeram até aqui.