Rivalidades como Preguiça x Gordon Ryan elevam o Jiu-Jitsu de patamar?

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Felipe Pena contra Gordon em 2016, na Califórnia, em duelo sem tempo. Fotos de Luca Atalla.

 

[ Por Gabriel Almada ]

 

Protagonistas de uma das mais quentes rivalidades do Jiu-Jitsu hoje, Felipe “Preguiça” Pena e Gordon Ryan já têm data e local para o próximo duelo.

A luta sem kimono será a 7 de agosto, pelo evento Who’s Number One, pouco mais de um mês antes do ADCC 2022.

O confronto entre os fenômenos do esporte não terá limite de tempo e o vencedor será conhecido apenas por meio de finalização ou desistência de um dos lados.

O americano e atual campeão absoluto do ADCC e o atual campeão mundial de Jiu-Jitsu pela IBJJF já se encararam duas vezes. E o brasileiro formado pela Gracie Barra derrotou o arquirrival lapidado pelo treinador John Danaher em ambas as ocasiões.

O mineiro, por sinal, já superou Ryan num embate sem limite de tempo na faixa-preta, na única vez em que Gordon perdeu sob essas regras. Em dezembro de 2016, Felipe finalizou com um mata-leão, após 40 minutos exaustivos, no evento Studio 540 Superfight, na Califórnia. (Relembre como foi, aqui.)

Em 2017, no ADCC, nova colisão dos craques, e nova vitória de Felipe de modo magistral. Na finalíssima do absoluto, Preguiça anulou o rival, pegou as costas e o derrotou por 6 a 0, para se tornar o rei do absoluto do ADCC 2017.

Para o notório professor Vinicius “Draculino” Magalhães, fundador da GB-BH que formou Felipe, a rivalidade entre o aluno e o americano já faz mais barulho que outras clássicas colisões do Jiu-Jitsu, como Amaury Bitetti x Fabio Gurgel nos anos 1990 e Roger Gracie x Ronaldo Jacaré na década de 2000.

“A rivalidade desses dois já está num patamar igual ou maior de outras clássicas do Jiu-Jitsu, como Roger x Jacaré, Amaury x Fabio, Rafa Mendes x Cobrinha e algumas outras”, reflete Draculino. “A diferença agora é que a mídia é maior, muito mais rápida e contundente. Antes a gente acompanhava muito os rumores, aguardava um mês para sair a revista, com as entrevistas. Hoje o cara larga aquela alfinetada nas redes, e tem a réplica e a tréplica na mesma semana, por vezes no mesmo dia. A proporção fica bem maior”.

Para Dracu, a rivalidade contribui para o esporte, contanto que não descambe para ataques à honra:

“A grande diferença é que atualmente há menos respeito. Não é o caso do Preguiça e Gordon ainda, mas já li gente passando de qualquer limite, falando da família dos rivais. Hoje me parece que há lutadores que preferem ser odiados do que ignorados, pela publicidade. Temos que preservar mais a arte marcial e a filosofia do esporte. Rivalidade é sadio, mas com respeito e ética. As pessoas nas redes sociais muitas vezes fazem qualquer coisa por um minuto de atenção”, completou o professor radicado no Texas.

Tecnicamente, Vinicius Draculino avalia que Preguiça x Ryan também têm ajudado o Jiu-Jitsu sem kimono e a luta agarrada a subirem de nível.

“O interessante da rivalidade dos dois é que o Gordon Ryan, ao tentar aplicar o jogo de chave de pé, acabou expondo as costas, no que o Preguiça se beneficiou para conquistar posições perigosas”, ponderou Draculino. “Se você perceber, foi exatamente isso o que aconteceu nas duas lutas entre eles. Então isso os obrigou a ajustar o jogo de chave de pé de ambos, para melhorar ataques, defesas e o contra-ataque. Ao mesmo tempo, Preguiça mostrou que a pegada pelas costas pode ser realizada dali, uma técnica ousada. Então, realmente, as batalhas entre eles enriqueceram o conteúdo técnico do Jiu-Jitsu”, concluiu Dracu, que também disputou o ADCC nas antigas.

Os dois arquirrivais vêm de vitórias. Logo após o ouro absoluto do Mundial 2021, Preguiça anunciou a aposentadoria das competições de kimono para se dedicar exclusivamente ao grappling e ao MMA. Em sua última apresentação, Felipe Preguiça derrotou Henrique Ceconi por duas punições, em combate sem pano no BJJ Stars 8, em 29 de abril.

Já Gordon triunfou no evento principal do Who´s Number One, há cerca de dois meses, ao finalizar Jacob Couch no armlock no começo do confronto. No ADCC 2022, em 17 e 18 de setembro, Gordon Ryan vai em busca do troféu da superluta, contra André Galvão, mas também vai se jogar no peso acima de 99kg, mesma divisão de Preguiça.

Para conquistar o peso e o absoluto, Gordon teve performance irretocável no ADCC 2019. Na final do peso, finalizou Vinícius Trator com um mata-leão. Na final do absoluto, superou o monstro sagrado Marcus Buchecha na decisão.

Além do craque da Gracie Barra, o atual ouro duplo do ADCC tem outros duríssimos compromissos agendados. Em 15 de julho, o campeão marrento disputa o título meio-pesado do Who’s Number One (WNO) contra o campeão Pedro Marinho, em Dallas, no Texas.

Como será mais esse duelo, fiel leitor? Preguiça há de manter a invencibilidade contra Gordon? Ou o habilidoso americano vai conseguir se vingar do brasileiro? Oss!

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