Eram 21h da última quarta-feira, e o treino da Alliance Leblon, no Rio de Janeiro, estava recheado de forasteiros de Minas Gerais, competidores na reta final do treinamento para o Brasileiro de Jiu-Jitsu, que continua neste sábado e termina domingo.
Mas o destaque foi mesmo aquele velho aluno de Alexandre “Gigi” Paiva, negro forte e arisco, com um kimono Koral preto estalando de novo e sorriso no rosto.
“E aí, tô bem?”, perguntou ao compadre Elan Santiago, também faixa-preta da equipe, assim que o professor chegou de Nilópolis, onde comanda uma escola com a criançada da escola de samba Beija-Flor.
Sem palavras, Elan abraçou o amigo emocionado, e conversaram um pouco, mas rapidamente Gigi puxou o treino.
Com o rodízio de parceiros, Elan então pensou: “Pô, será que eu não vou finalizar o Tererê pelo menos uma vez na vida? Vai ser hoje!”
Que nada, com o quadril firme que encantou os fãs de Jiu-Jitsu e uma movimentação plástica, Tererê deu sinais de que os campeões não esquecem. Elan e Tererê começaram o rola. Elan tentou um bote no pé, certeiro. Fernando apoiou-se na parede, girou e escapou de forma surpreendente: “Tá pensando que eu sou bobo?”, sorriu o campeão mundial.
Elan tentou surpreendê-lo na guarda-tartaruga então. “Dez segundos depois eu já estava com raiva do Telles, que me ensinou. Tererê me pegou rápido”.
Recomeçaram com Tererê da meia-guarda. O astro do morro do Cantagalo fingiu que caiu na raspagem, voltou na omoplata e acabou pegando no armlock. “Agora vai”, pensou Elan. “O bicho está treinando desde as 16h e são 21h!” Mas Tererê botou o compadre para voar numa raspagem de gancho, e finalizou em pouco tempo, com um estrangulamento das costas.
“Que atropelo feliz que tomei. E quando eu assistia, foi igual ficar olhando o Messi jogar bola. A movimentação encanta mesmo”, diria Elan, depois de tomar um açaí no Bibi Sucos com a fera.
A alegria de Tererê era a mesma.
“É hora de esquecer o passado e olhar para a frente. Quero treinar e voltar a ficar com aquele corpo puro suco. E quem sabe vencer mais um Mundial antes de encerrar minha carreira”, disse para o GRACIEMAG.com.
Perguntamos se já dá para seu pai, o Tio Barriga, fazer uma nova camisa, depois da estampa “Volta, Tererê”, que ficou famosa nos tempos difíceis do lutador.
“Dá sim, o Tererê voltou. Agora é hora de eu mostrar paciência, de me cuidar. Minha meta é ficar treinando aqui com o mestre Gigi e com o pessoal que quer o meu bem. Estou treinando três vezes por dia e me sentindo muito bem. E vou estar lá no Brasileiro no Tijuca, para ver a rapaziada”.