Desculpe-me Alexander Gustafsson. Errei grosseiramente ao subestimar você.
Quando vi o anúncio de que você disputaria o cinturão da categoria meio-pesado do UFC contra Jon Jones, prontamente decretei que você não tinha chances de vencer. Até ontem, achava que você era mais um caso de lutador europeu superestimado para que o UFC tivesse audiência em outros mercados. Algo na linha de Michael Bisping, inglês que está sempre em destaque apesar de ser pouco mais do que um atleta regular.
Aquelas suas vitórias contra Thiago Silva e Maurício “Shogun” Rua não me impressionaram, apesar de terem sido contra grandes oponentes. De fato, eu considerava você até um pouco desengonçado, e sem poder de nocaute. Achava que seus únicos diferenciais eram a altura e a envergadura. Muito pouco para ser campeão.
Seu oponente seria justamente o excepcional Jones, que além de envergadura semelhante à sua, já mostrara uma das melhores técnicas de wrestling da atualidade, associada a um bom muay thai, Jiu-Jitsu competente, cotoveladas fatais, preparo físico e genética única.
Sem titubear, bradei que você seria massacrado no UFC 165. Cheguei a ser cruel e declarar publicamente via Twitter que era mais fácil Levy Fidelix ser eleito presidente do Brasil do que você ganhar de Jon Jones. Não esperava nada desse combate além de uma vitória fácil do campeão. Como eu estava enganado.
Na madrugada de 22 de setembro de 2013 você foi um gladiador. Enfrentou destemidamente o campeão desde o primeiro round. Partiu para cima como jamais imaginei que faria. Acertou ótimos socos e defendeu as tentativas de quedas do americano. Mas até aí, eu ainda achava que era questão de tempo até você ser posto para baixo e nocauteado por uma cotovelada. Homem de pouca fé! Precisei ver você derrubar o campeão, como ele jamais havia sido quedado, para começar a acreditar em você.
Não só acreditar, mas vibrar! Fiquei de pé para ver seu ótimo desempenho, sua movimentação frenética, seu uso inteligente da envergadura para acertar Jones e evitar ser acertado pelas temidas cotoveladas. Vi o medo e a raiva nos olhos de Jon Jones, contrariando o slogan da camiseta da marca famosa que dizia que ele era mais do que meramente humano (“Not quite human”).
Para mim, você ganhou os três primeiros rounds, embora o terceiro tenha sido bem parelho. Toda essa movimentação e força para não ser derrubado cobrou seu preço e você sentiu o cansaço. Temi que você fosse nocauteado pela cotovelada rodada que acertou seu rosto em cheio no final do quarto round. Jones finalmente derrubou você e dominou o quinto round. Mesmo exausto, você não desistiu em momento algum.
A luta chegou ao fim e o destino do cinturão seria decidido pelos jurados. Já não importava. Ganhando ou perdendo você já impressionara o mundo. O combate foi épico e qualquer resultado seria justo. A vitória foi dada ao campeão, mas você não foi perdedor. Não se preocupe. Você vai disputar esse título novamente. E, desta vez, eu não mais subestimarei seu jogo. Mais do que isso, estarei torcendo pelo desengonçado sueco.