Além de ser um UFC Fight Night que rolou ao meio-dia no Brasil, o que mais chamou a atenção neste evento do Ultimate realizado no sábado de Aleluia? A resposta, após um UFN em que nenhum combate mereceu o bônus de “luta da noite”, só pode ser Chad Mendes, sempre ele.
O excelente peso-pena do time Alpha Male comemorou, contra o temido Ricardo Lamas, sete anos sem perder para ninguém que não se chame José Aldo. Ou melhor: desde que fez sua estreia no MMA, o wrestler de 1,68m jamais foi vencido, a não ser pelo fenomenal brasileiro campeão da categoria, em duas ocasiões (nos UFCs do Rio de 2012 e de 2014).
“Vou assistir às próximas lutas bem de perto (Aldo x Conor McGregor e Frankie Edgar x Urijah Faber) e quem o UFC achar que é o próximo para mim, estou dentro”, afirmou Mendes (17v, 2d), após a vitória.
Esporte dinâmico, esse tal de MMA. Assim que perdeu para Aldo no Rio de Janeiro pela segunda vez, na luta do ano de 2014, alguns analistas se apressaram em prever para Chad Mendes um quadro dramático de desmotivação, reflexo da tal síndrome de ser mais uma vez o segundo. Agora, os mesmos comentaristas já devem estar salivando de olho numa trilogia, caso Aldo faça picadinho de McGregor no dia 11 de julho, como seus torcedores esperam.
Para quem não treina, ou vê o UFC apenas como espetáculo, o fantasma da desmotivação parece mais assustador do que talvez seja. Ele existe, claro, mas no peito de um artista marcial também passam outros tantos sentimentos, como a curiosidade de aprender mais, a gana de evoluir, a vontade de encantar o torcedor e, muitas vezes, a sede de vingança. Não se sabe exatamente o que vai pelo coração de Chad, mas sua postura e seu sorriso parecem sinais claros de que ele não vai desanimar por um bom tempo.
Pensando no Jiu-Jitsu de competição, há vários casos de atletas que bateram na trave, ficaram marcados pela prata dramática, e que seguiram em frente e foram vitoriosos. Um exemplo atual talvez seja o mineiro Bernardo Faria, atleta da Alliance que se viu com uma pedra no sapato. Uma pedra no sapato do tamanho de Rodolfo Vieira.
Vice-campeão mundial absoluto em 2011, Bernardo refletiu sobre essa dificuldade de vencer um arquirrival, em artigo inédito a ser publicado na próxima GRACIEMAG (perdão pelo spoiler):
“Perdendo ou vencendo, eu realmente gosto de lutar com os melhores, e essa sensação de querer muito vencer o Rodolfo faz com que eu treine mais, e com foco redobrado. Ao lutarmos de novo vocês podem esperar mais uma vez um Bernardo altamente preparado e com muita, muita, muita vontade de vencer”, explica Bernardo, para depois acrescentar: “Sempre procuro evoluir como lutador, evoluir como professor, como pessoa, em todos os aspectos da vida. Quero ver o meu Jiu-Jitsu evoluir sempre, e sempre quero ser melhor hoje do que ontem, em tudo que faço, não somente ao competir”.
Bernardo Faria jamais deixou a sombra de apenas um cara parar sua evolução técnica e mental. Hoje, o faixa-preta é o quarto do ranking mundial do Jiu-Jitsu. À frente de Rodolfo, por sinal.
Que o esporte ainda nos apresente a muitos lutadores como Bernardo, ou como Chad Mendes.
UFC Fight Night 63
Patriot Center, Fairfax, Virginia, EUA
4 de abril de 2015
Chad Mendes venceu Ricardo Lamas por nocaute técnico aos 2min45s do R1 (bônus de atuação da noite)
Al Iaquinta venceu Jorge Masvidal por decisão dividida dos jurados
Michael Chiesa venceu Mitch Clarke por decisão unânime
Julianna Peña venceu Milana Dudieva por nocaute técnico aos 3min59s do R1 (bônus de atuação da noite)
Clay Guida venceu Robbie Peralta por decisão unânime
Dustin Poirier venceu Carlos Diego Ferreira por nocaute aos 3min45s do R1 (bônus de atuação da noite)
Card preliminar
Liz Carmouche venceu Lauren Murphy por decisão unânime
Alexander Yakovlev venceu Gray Maynard
Timothy Johnson venceu Shamil Abdurakhimov por nocaute técnico aos 4min57s do R1 (bônus de atuação da noite)
Ron Stallings venceu Justin Jones por decisão unânime dos jurados