Gramado é passagem obrigatória para quem visita a serra do Rio Grande do Sul. A Rua Coberta, localizada no centro da cidade, é ponto de encontro de turistas e costuma lotar durante o Festival de Cinema. Mas, nesse domingo, dia 3 de março, o local virou reduto do Jiu-Jitsu e quem entrou em cena foi Rodrigo Minotauro, consagrado peso-pesado do UFC. O Projeto Arte Suave, evento que integra a programação oficial da Seletiva de Gramado para o mundial de Abu Dhabi, reuniu 40 crianças de comunidades carentes de Porto Alegre, Lajeado, Caxias e Gramado.
Um palco foi montado diante de dois tatames. Durante duas horas, Minotauro respondeu perguntas da organização, de jornalistas especializados e do público. Ao longo da conversa, falou sobre determinação, disciplina e respeito, elementos que considera fundamentais para quem quiser obter sucesso, dentro ou fora dos tatames.
“Essa é a principal mensagem que quero deixar para as crianças. É preciso muita força de vontade na vida. Para tudo. Mesmo que você não vá virar um competidor, um profissional de lutas, precisa acreditar que pode conseguir sucesso e ir atrás disso. Eu nunca pensei em desistir. Fui atropelado por um caminhão quando tinha 11 anos, passei uma semana em coma, 11 meses no hospital, um ano sem conseguir caminhar. Ninguém imaginava que eu daria essa volta e hoje estaria servindo de exemplo para tanta gente”, comentou.
A segunda parte da oficina foi prática. De quimono, as 40 crianças, algumas ainda com medalhas conquistadas na competição de Gramado, aprenderam duas posições de Jiu-Jitsu com o ídolo. Minotauro mostrou, orientou, corrigiu, e até brincou de luta com um menino de cinco anos.
“Me identifiquei com ele. Eu também era o menor da minha turma. Eu chegava às 15h para treinar com os meninos da minha idade, só que a minha mãe só podia me buscar às 19h. Então eu ficava treinando com todas as turmas, e garotos bem maiores. Me ajudou muito, mas o pessoal não aguentava mais me ver lá”, disse aos risos o baiano.
Um dos idealizadores do projeto Arte Suave, Guilherme Paradeda ficou satisfeito com a mensagem passada por todos que participaram da segunda edição. E comemorou o sucesso da atividade, realizada pelo segundo ano consecutivo.
“O objetivo do projeto nas comunidades é utilizar o esporte para mostrar às crianças que elas não precisam se entregar para o modo mais fácil de ganhar dinheiro, como tráfico de drogas, assalto. Quando você coloca o quimono e vai para o tatame, fica igual a todo mundo e pode construir as próprias oportunidades. Tudo vai depender da sua vontade e da sua capacidade de superar limites. É uma lei da vida. Trazer o Minotauro foi uma maneira de parabenizar a todos que se esforçaram na escola e nos treinamentos. Queremos ajudar a construir futuros melhores através de práticas saudáveis e bons exemplos. A presença de um campeão como ele é um incentivo muito grande”, afirma.