O fim de semana seguia perfeito para Gabriel Vella, na tarde do domingo 17 de maio, no Rio. Na véspera, o peso pesadíssimo da Alliance se sagrara campeão absoluto no Tijuca ao fechar o Brasileiro com o companheiro Tarsis Humphreys. Porém, na semifinal do peso contra Bruno Matias (Check Mat), Vella tentou de tudo, buscou uma queda no judoca, ia para cima, e não viu seus esforços computados como vantagem pelo árbitro.
Vermelho, mais pelo gasto de energia do que pela raiva que aparentava, Vella virou-se para o repórter de GRACIEMAG, à beira do ringue, tão logo a mesa apitou o fim da luta. “Cadê o respeito comigo, como homem e atleta?”. Resumiu, assim, o que passa pela mente do lutador que se sente prejudicado pela arbitragem, muito criticada no Brasileirão.
Bem mais calmo minutos depois, Vella conversava tranquilamente sobre a derrota: “Só posso lamentar, mas jamais vou perder a esportividade. O juiz chegou a me punir enquanto eu ia para cima dele, inacreditável. E se aquela queda não é vantagem, não sei o que é, talvez dois pontos?”. Chamado para o ringue principal com Tarsis para que o árbitro erguesse a mão de um dos dois (Tarsis ficou oficialmente com o título; Vella faturou a passagem para o Mundial na Califa), nem se esquentou quando representantes da Alliance e da CheckMat começaram a discutir nas arquibancadas, dando mau exemplo.
Vella nem pensou em não subir no pódio para pegar sua medalha de bronze (Léo Leite finalizou Matias e foi o campeão). No entanto, em uma hora já estava no aeroporto, rumo a Sampa. Emitiu a passagem na hora, pagou um pouco mais caro. mas descansar em casa e estar com a namorada não tinha preço aquela hora.
Segunda-feira, já estava na Alliance treinando, de olho no Mundial na Califórnia. E já vendo o lado bom de tudo. “Já estou até achando que os erros do juiz foram na medida. Vou canalizar minha fúria toda para o Mundial”, brincou.
“Por não ter vencido o peso, treinei até com mais vontade segunda-feira. Já estou pensando nos clássicos que vou disputar. Esse é o grande charme do Mundial. Por ser um título de maior expressão, todos os concorrentes são grandes nomes”, avalia Vella.
“Hoje me sinto novamente vivendo uma grande paixão pela arte, como se eu tivesse subido um degrau no meu conhecimento do Jiu-Jitsu. Diferente do judô, em que o cara todo dia treina para derrubar melhor, o Jiu-Jitsu é rico em variações, e quero aprimorar cada detalhe – das quedas às defesas, das passagens às finalizações. Isso me faz treinar todo dia com paixão, e me leva a disputar todos os campeonatos que puder. Não só pensando em ganhar, mas em aprender mais, e no futuro poder ser um exemplo no esporte”, diz.