Campeão roxa peso-pena no Campeonato Mundial, em Long Beach, o talentoso Marcio André finalizou quase todos os seus oponentes na Califórnia e acabou voltando cheio de moral com a faixa-marrom na cintura.
Conhecido pelo seu jogo agressivo e eficiente, Marcio selou sua última vitória fazendo 17 a 0 em Manuel Moreno (Alliance) na final.
Ele também planejava entrar no absoluto, mas na sexta-feira, quando corria para a pesagem, acabou torcendo o pé. Na categoria, Marcinho ignorou a dor de um pé machucado, sem jamais mostrar hesitação e quando teve o braço erguido foi às lágrimas. O aluno de Fábio Andrade conquistou o grand slam do Jiu-Jitsu, ao vencer o peso-pena no Europeu, no Pan, no Brasileiro e agora no Mundial.
Em conversa com GRACIEMAG, Marcio André comentou a campanha, analisou a luta final da categoria e deu a receita sobre o seu sucesso no Jiu-Jitsu. Confira!
GRACIEMAG: Como foi conquistar o Mundial mesmo com um pé machucado?
MARCIO ANDRÉ: Eu estava com o gás muito bom, nas lutas que não finalizei fiz mais de dez pontos. Então quer dizer que os treinos foram bem proveitosos para conquistar meu terceiro título mundial. Venci na azul em 2011 e na roxa foram duas vezes, em 2012 e 2013. Infelizmente, eu estava com meu pé doendo, mas não estava atrapalhando. Quando dei uma corrida para pegar meu kimono mais leve para a pesagem acabei torcendo o pé, mas não falei nada pois queria muito lutar o absoluto. Mas ao término da minha luta final estava doendo muito e meu professor disse para eu não lutar e cuidar da lesão. Fiz o que ele pediu.
Na final do peso-pena você encarou Manuel Moreno. Como revê essa luta?
Eu fui para finalizar, só que o adversário travou todo tipo de ataque que eu dava. Dali fui conseguindo fazer os pontos e venci. Eu faço muito drill para as posições ficarem afiadas, e elas estão no modo automático, por isso sai muito ponto. O Marcelo chegou muito bem na final, é um adversário muito bom. Tem um ótimo futuro pela frente.
Você venceu todos os grandes campeonatos do ano no Jiu-Jitsu e ainda foi condecorado com a faixa-marrom. Qual foi o maior aprendizado que você teve em Long Beach?
Depois desse Mundial, acho que amadureci muito como atleta e como homem. Para mim o grand slam é só para quem ganha categoria e absoluto dos principais campeonatos. Eu queria ter feito isso, mas infelizmente não deu. Minha vida tomou um rumo que não deu para conseguir essa meta, mas prometo que vou treinar muito para vir com tudo no próximo ano.
O que os adversários podem esperar de você na nova graduação?
É como eu disse quando peguei a faixa roxa, estou indo para dominar minha categoria, que é o peso-pena. Sei que tem grandes atletas, mas estou vindo para ganhar e não para ser mais um na chave. E vou entrar nos absolutos. É o início de uma nova era para mim.
Qual é a receita do sucesso do Marcio André, que saiu de um projeto social e hoje conquista o mundo através do Jiu-Jitsu?
Só existe uma pessoa além de Deus que faz isso acontecer: é o meu professor Fabio Andrade. Ele é tudo na minha vida, depois que perdi minha mãe este ano fiquei mais perto dele ainda. Eu me espelho no Fábio, ele me proporciona tudo e me incentiva demais. Eu acredito em tudo que ele fala para eu fazer, e acaba dando certo. A receita é acreditar no seu professor e acreditar no seu sonho e antes disso é treinar. Tem que ter a humildade para aprender e botar o coração à frente de tudo. Fábio, obrigado por tudo.