Vitor Terra abre dojo em Copa e ensina a lição nº 1 de defesa pessoal que aprendeu com os Gracie

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Turma de amigos e alunos da Gracie Terra em Copacabana, no 1º andar da Equipe 1. Fotos: Ilan Pellenberg/Divulgação Gracie Terra

O primeiro dojo da equipe Gracie Terra foi improvisado num playground. Hoje, o professor Vitor Terra já conta com nove filiais da equipe, inclusive nos EUA e Portugal. Mais uma prova de que, no Jiu-Jitsu como na vida, a gente começa por baixo antes de se estabilizar.

Na abertura de seu novíssimo espaço em Copacabana, nosso GMI Vitor Terra recebeu mais de 50 amigos, entre faixas-corais e vermelhas, e deu pistas de como encara as novas empreitadas da carreira. “Nunca tive uma vida de luxo mas jamais me desviei do caminho certo, por conta do que aprendi em casa. Por isso agradeço hoje aos meus pais, que estão aqui”, discursou o faixa-preta, arrancando aplausos de todos no dojo montado no primeiro andar da academia Equipe 1. “Eu tomo café da manhã, almoço e janto Jiu-Jitsu. Casei como uma Gracie que me apoia muito e respiro Jiu-Jitsu 24 horas por dia, tudo que faço é sempre olho no olho”, acrescentou.

Em conversa com a equipe GRACIEMAG, Vitor contou os detalhes da empreitada, por que considera a filial de Copacabana especial e a melhor lição que aprendeu sobre defesa pessoal, após décadas de treinos com a família Gracie.

GRACIEMAG: Você estava preparando novidades na academia de Ipanema quando surpreendeu a todos com a abertura de um novo dojo em Copacabana, onde era a academia do professor De la Riva. Era um sonho antigo?

VITOR TERRA: A gente não estava planejando isso por agora, mas quando surgiu a oportunidade de ensinar naquele espaço não pensamos duas vezes e fomos conversar com o proprietário, que curtiu nosso plano. Abrir uma academia bem sucedida, com padrão e estrutura adequadas, é sempre um grande desafio, mas é também um imenso prazer. Pois cada dojo é sagrado, é aquele lugar em que a gente vê vidas mudando. Copacabana sempre foi uma referência para o mundo em termos de lutas, um território sagrado do Jiu-Jitsu. Só para dar dois exemplos, o saudoso Rolls Gracie, que foi um dos maiores craques da família, dividia o mesmo espaço com seu irmão Carlson, um dos maiores vencedores da história. É uma missão e tanto fazer um trabalho à altura desse bairro, ainda mais com a concorrência tão qualificada ao redor, mas quem trabalha com o Jiu-Jitsu está sempre perseguindo desafios como este. Por tudo isso, em respeito à tradição, é que batizamos a área de treinos com o nome de grande mestre Robson Gracie.

 

Você teve a oportunidade de aprender com nomes célebres da academia Gracie, do citado grande mestre Robson ao Royler. Qual a maior lição de defesa pessoal que você aprendeu com eles para evitar facadas e agressões trágicas, como volta e meia vemos nos noticiários atuais?

O Jiu-Jitsu e a defesa pessoal que a gente sempre aprendeu na escola Gracie dão ao praticante um senso de defesa aguçadíssimo para qualquer hora, não apenas no tatame ou na rua como em qualquer ocasião. Você ganha uma sensibilidade e um reflexo que vai muito além de como reagir, mas se vale a pena reagir e o momento certo – e com a frieza e tranquilidade certas para ninguém sair ferido. Mal comparando, é como um curso de direção defensiva na auto-escola. Você pressente antes de acontecer que um carro pode vir colidir no seu, e evita a colisão antes de acontecer. O Jiu-Jitsu ensina você a antecipar os problemas e incidentes. Quem treina defesa pessoal e luta Jiu-Jitsu, com todas as horas, meses e anos em que passamos sendo amassados ou achando aquele espacinho para fugir do sufoco,  acaba por treinar a mente para agir num modo automático nessas horas de situação real, aprendendo a ler situações de risco. Como o Royler sempre dizia nas aulas: “Faca e revólver a gente não vai para cima para defender, a não ser que seja um caso de vida ou morte. Ninguém deve se atracar por espontânea vontade com alguém que porte uma faca, a não ser que o agressor venha para cima descontrolado. Aí você precisa saber a técnica. Do contrário, toma a carteira e o relógio aí meu irmão, tá tudo certo.”

Qual é o pulo-do-gato para competir, ensinar e ainda administrar filiais tão distantes, como as escolas em São Conrado, Ipanema, Copacabana, Tijuca, Resende, Cascais, Nova Jersey, Vero Beach, Deerfield Beach?

Primeiro é não ter pressa, agir com naturalidade e fazendo um trabalho de alta qualidade, hoje e sempre, com muita calma, sem pretensão. Sempre vivi do Jiu-Jitsu, e não lembro de um dia que saí de casa para ensinar ou lutar estressado, infeliz ou sob pressão. O segredo é trabalhar com amor pelo que faz. Comecei a treinar com a família Gracie aos 12 anos, e me apaixonei para sempre pela arte. Sou muito grato pelo Jiu-Jitsu refinado que aprendi com a família. Aproveito inclusive para agradecer aqui ao meu irmão mais velho, que já era faixa-azul e um dia me arrastou para o Jiu-Jitsu. Por essas correrias da vida deixou os treinos de lado. Hoje sou o professor dele.

Qual é o perfil dos alunos da Gracie Terra hoje?

Acredito que é o perfil de toda boa escola hoje: praticantes que querem aprender a se defender, e adotar o Jiu-Jitsu como estilo de vida e filosofia, para além dos tatames. Sempre fui competidor, mas vejo o Jiu-Jitsu como um sistema que vai muito além de torneios e medalhas, campeonatos são apenas uma parte do todo. Hoje há academias contratando atletas como fazem os times de futebol, e não vejo isso com maus olhos, é a evolução do profissionalismo do esporte. Mas não devemos jamais deixar a defesa pessoal ser negligenciada. Nosso público aprende as técnicas usadas em campeonatos mas aprende a se defender em pé também. A gente ensina autoconfiança e saúde, para homens, mulheres e crianças.

Robson Gracie Jr, mestre Robson, Sergio Zveiter e Vitor Terra, na festa de inauguração da tarde de 3 de agosto de 2019.

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