Quer evoluir no Jiu-Jitsu? Entre na “jaula dos leões”

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Bicampeão no Roma Open, Professor Marcio Lima, da GB Santa Maria, em Brasília, explica por que você deve se desafiar competindo contra os oponentes mais duros, sobretudo os do absoluto. Foto: Reprodução

Em março, no dia em que iria competir no Roma Open 2018, o professor Marcio Lima, nosso GMI da Gracie Barra Santa Maria, estava voltando de um seminário em Nápoles, a cerca de 300km da capital da Itália. “Cheguei em cima da hora do torneio, fui pesar e estava 1kg acima do peso. Comecei a correr até bater o peso, entrei muito fraco na arena, mas consegui ser campeão em minha categoria. Porém, não estava satisfeito”, conta Marcio.

“No dia seguinte, haveria o Europeu Sem Kimono. Eu estava muito desgastado devido à perda de peso do dia anterior, não cogitava lutar logo que acordei, mas fiz uma reflexão sobre ter chegado até ali, todo o treinamento, a equipe torcendo do Brasil… Não ia desistir assim, então decidi competir, quis me testar, sou peso leve, mas lutei no médio. Fiz três lutas e só perdi para o campeão, um cara russo, graduado em luta olímpica, que ganhou de todos na categoria e no absoluto”.

O que chama atenção na história de Marcio Lima é o fato de que, ao regressar ao Brasil, a medalha de bronze no evento sem kimono lhe dava mais orgulho que o ouro conquistado na sua categoria de peso, no evento com kimono. O professor explica as razões para isso na entrevista a seguir:

GRACIEMAG: Logo após sua campanha no Roma Open, você fez uma postagem sobre o “engrandecimento” do lutador que se dispõe a entrar na “jaula dos leões”. No caso, a sua forma de entrar nessa jaula foi disputando o absoluto mesmo sendo um lutador levinho. Quando foi que você percebeu que tinha que entrar na jaula dos leões para crescer?

Marcio Lima: Então… Recebi a medalha de ouro referente à minha categoria de peso e pensei… Poxa, estou aqui, longe de casa, sozinho, tenho que aproveitar e me testar mais, ver meu limite, vou entrar na jaula dos leões, gosto de me desafiar. Acho legal os caras grandões do absoluto olharem para mim e sorrirem. Me dá mais vontade de lutar, fui ganhando e quando vi estava na semifinal. Não ganhei o ouro e sim o bronze, mas ganhei o respeito e admiração dos meus adversários e da torcida local, que viu eu me embolando com caras de mais de cem quilos. Lutei de igual para igual. Saí de cabeça erguida, meu adversário me aplaudindo, e a torcida local também. Para mim isso é melhor que a vitória, porque só no absoluto eu realmente dei o meu máximo, a batalha instigou o melhor guerreiro que há em mim.

Depois de “sair da jaula”, que benefícios práticos você percebe na sua vida e na sua forma de lutar? Você realmente evoluiu?

Logo de cara eu posso afirmar que aperfeiçoei a minha habilidade de criar estratégias. E, claro, isso serve para a minha vida fora dos tatames. Estamos sempre criando estratégias para lidar com alguma adversidade. No absoluto eu precisava cansar menos, gastar menos energia que o normal. Eu não podia bater de frente com o oponente, não teria a menor chance se entrasse numa de trocar força. Busquei os caminhos mais curtos, os movimentos de máxima eficiência, velocidade de ataque, mas sobretudo velocidade de raciocínio. Outra coisa que eu aprendi foi interpretar o que meus oponentes pensavam para eu tentar me antecipar. São coisas que obviamente eu já fazia ao competir no meu peso, mas no absoluto a coisa ganha uma dimensão muito maior.

Esse tipo de postura nos treinos e competições gera algum tipo de melhora prática no dia a dia?

Depois de passar por batalhas como aquelas, certamente vejo menos problemas no meu cotidiano (risos). Acho que um lutador que aceita grandes desafios ele desenvolve uma habilidade importante, a de acreditar. Ele acredita no próprio potencial. Isso é uma maneira positiva de ver as coisas. E atitudes positivas atraem atitudes positivas. Parece uma bobagem talvez, mas se você parar para pensar bem, isso está em falta no mundo atual. É muita negatividade e isso só gera mais negatividade.

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