Campeão no meio-pesado e no absoluto da segunda edição do Brasília Open, o faixa-preta de Jiu-Jitsu Renato Cardoso realizou uma campanha quase irretocável.
A partir de um jogo eficiente da guarda 50/50, o lutador da Checkmat colecionou seis finalizações no evento da IBJJF, a maioria dos adversários na chave de pé mais básica, a famosa “botinha”.
Foi neste golpe, por exemplo, que ele capturou o pé de Cássio Francis (Gracie Barra), na final do absoluto, aos cinco minutos de luta. O campeão comentou o feito, em papo com GRACIEMAG:
GRACIEMAG: O que significou fechar a temporada com este ouro duplo no Brasília Open?
RENATO CARDOSO: Depois de um ano de altos e baixos, em que tivemos problemas na equipe, foi uma satisfação grande. Mantive meu foco e não deixei isso me abalar, e pude voltar às competições com vitória. A verdade é que eu nem queria mais lutar este ano. Depois de repensar isso e decidir competir, eu não sabia como seria minha volta, mas acho que lutar com o coração faz a diferença nessas horas, fiz um pouco como o Rocky Balboa dos filmes [risos]. Foram seis lutas difíceis entre o meio-pesado e absoluto, contra atletas bons que vivem competindo. E não foram todas finalizadas na chave de pé, também consegui aplicar um triângulo, um armlock e um leglock. Estou tentando variar as finalizações e as posições no meu Jiu-Jitsu.
Falemos da final do absoluto, contra o Cássio Francis (Gracie Barra).O que você esperava do duelo?
O Cássio está voltando com tudo nos campeonatos, e lutamos desde a faixa-roxa. Sem sombra de dúvidas ele é muito forte e tem bastante pressão quando passa guarda, mas consegui colocá-lo na guarda 50/50 e ficamos tentando a finalização na chave de pé o tempo inteiro. Pude encaixar a botinha quando ele virou de barriga para baixo.
Qual é a lição tática que fica após este Brasília Open?
O segredo da minha vitória foi jogar na antecipação, acredito. Sou fã do Rômulo Barral, André Galvão, Marcus Buchecha, Roberto Cyborg e Bruno Malfacine, que sempre surpreendem muito seus adversários com suas finalizações, então tento fazer o mesmo em todas as minhas lutas. A lição foi a de não ter medo de arriscar, lutar pra frente o tempo todo, estar feliz e bem consigo mesmo.
A guarda 50/50 já foi vista como defensiva em excesso. Como você a aplica para finalizar tão bem?
Quando comecei a fazer guarda 50/50, aprendi que temos de fazer variações, usar bastante desequilíbrios e trabalhar o tempo todo com as pernas abertas, e não no triângulo fechado. Com isso, abro o leque para variações, posso raspar, finalizar e até mesmo desfazer a 50/50 e tentar algo diferente. Sempre trabalhe com o cadeado aberto, não fique com as costas no tatame, trabalhe a 50/50 sempre sentada, e aí você terá a facilidade para chegar na finalização na botinha.