O faixa-preta Ricardo Evangelista, nosso GMI à frente da escola Renzo Gracie Mont Belvieu, no Texas, construiu uma carreira vitoriosa no Jiu-Jitsu nas últimas décadas. Formado pelo mestre Julio Cesar Pereira, Evangelista se consolidou como um ávido competidor do peso pesadíssimo. Ele se tornou bicampeão europeu (2015 e 2018) e campeão pan-americano (2019). Ao longo de sua jornada no esporte, derrotou astros do esporte, como Marcus “Buchecha” Almeida, Erberth Santos e Roberto “Cyborg” Abreu.
Aos 37 anos, Ricardo Evangelista também se dedica ao MMA. O carioca contabiliza um cartel de três vitórias e uma derrota. Em sua apresentação mais recente, em junho do ano passado, venceu por nocaute no Fury 64. “A transição precisa ser bem fundamentada em ambas as áreas, tanto em pé quanto no chão”, conta Evangelista. “Eu preciso treinar e desenvolver habilidades de luta em pé, como boxe e luta olímpica para me defender, e conseguir as quedas a fim de desenvolver o Jiu-Jitsu no solo”, explica o faixa-preta.
Em bate-papo com o GRACIEMAG.com, Ricardo Evangelista listou os desafios da transição do Jiu-Jitsu para o MMA e relatou a experiência de ser professor da Renzo Gracie Mont Belvieu.
GRACIEMAG: Quando você pretende voltar a lutar MMA novamente?
RICARDO EVANGELISTA: Eu recebi uma ligação do meu empresário e ele me ofereceu uma luta em Abu Dhabi. Decidi recusar, pois não estava tão ativo nos treinos com tanta intensidade. No momento, estou no aguardo de um novo oponente. Tenho treinado com o Rafael Alves e com o Bob Perez, meu treinador de MMA, na Main Street Boxing & Muay Thai. Em breve, estarei em ação no octógono em busca de mais uma vitória. Espero que seja por finalização.
Quais são os maiores desafios de adaptar o Jiu-Jitsu para o MMA?
Existem vários desafios que surgem ao adaptar o Jiu-Jitsu para o MMA. Um deles é a ambientação à trocação. Quando luto Jiu-Jitsu, eu posso escolher quando ir para o chão, mas pode ser fatal tomar essa decisão no MMA. A transição precisa ser bem fundamentada em ambas as áreas, tanto em pé quanto no chão. Eu preciso treinar e desenvolver habilidades de luta em pé, como boxe e luta olímpica para me defender, e conseguir as quedas a fim de desenvolver o Jiu-Jitsu no solo. No meu caso, foi complicado encontrar a transição ideal entre o chão e a trocação. Um outro obstáculo é compreender o ritmo do combate. O Jiu-Jitsu é frequentemente disputado num ritmo mais lento em relação ao MMA, que tende a ser mais rápido e dinâmico. Além disso, também é preciso se familiarizar com as novas regras para não cometer erros durante a luta. Superar esses desafios requer tempo e esforço, bem como uma compreensão profunda das diferenças entre os dois esportes.
É possível se manter ativo nas competições de Jiu-Jitsu e MMA?
Eu não consigo manter o foco nos dois esportes. Se eu tiver uma luta de MMA marcada, meu foco estará totalmente voltado aos treinos de MMA. Quando não tenho algum compromisso agendado, retorno aos treinos com kimono com mais intensidade.
O que te motiva a competir no Jiu-Jitsu mesmo depois de tantos títulos?
Eu gosto de me testar e competir, o ser humano é competitivo por natureza. Outro ponto é mostrar aos meus alunos que o campeonato motiva e dá mais foco para treinar, buscar a evolução e te manter disciplinado.
Quais foram os aprendizados nesses últimos anos como competidor?
Infelizmente, eu não disputei muitas competições neste ano. Com o cancelamento de algumas lutas de MMA, eu me aventurei no Pan, em março, só que perdi nas quartas de final. Eu estou bastante animado para lutar o Chicago Open, que será disputado no final de abril, e o Houston Open, em maio.
Como tem sido sua experiência como professor na Renzo Gracie Mont Belvieu?
Este período na Renzo Gracie Mont Belvieu tem sido ótimo. A comunidade americana ama o esporte e o Jiu-Jitsu cresce cada vez mais por aqui. Aprendo um pouco diariamente com os meus alunos porque cada um deles requer uma abordagem única. E poder observar a evolução deles é extremamente prazeroso.
Ver essa foto no Instagram