Saudável novamente após as turbulências do câncer, o craque do Jiu-Jitsu João Gabriel Rocha agora quer retomar o caminho das vitórias, com e sem kimono.
No Mundial 2015, o faixa-preta da Soul Fighters ficou com a prata no superpesado, depois de uma guerra contra Bernardo Faria (Alliance). Antes de chegar à final, João Gabriel pegou as costas de Erberth Santos (Guigo) e Yuri Simões (CTA).
Agora, João Gabriel volta aos treinos para tentar conquistar a categoria acima de 99kg no ADCC 2015, programado para 29 e 30 de agosto, em São Paulo. Para afiar suas armas e o jogo sem kimono, o tijucano voou para Miami, onde treina com Roberto Cyborg e companhia.
Em papo com GRACIEMAG, João Gabriel refletiu a participação no Mundial, falou das esperanças para vencer o ADCC e comentou os treinos com Cyborg.
GRACIEMAG: O que deu para tirar de lições nesse Mundial de Jiu-Jitsu?
JOÃO GABRIEL ROCHA: A maior lição que aprendi foi de agarrar as oportunidades que a vida oferece. Graças a Deus conseguir voltar depois do câncer e lutar o Mundial da IBJJF de novo. Foi a maior oportunidade que a vida me deu. E não desperdicei, foi um momento mágico para mim. Foi a primeira vez que lutei o Mundial depois da doença e passou tudo pela minha cabeça: o tratamento pesado, o tempo parado e a minha volta. Graças a Deus aconteceu. Mas ainda não posso falar que estou 100%. Voltei a treinar tem cinco ou seis meses e sinto que posso render muito mais. Ainda há algumas coisas do tratamento que ficaram. Minha médica já tinha conversado comigo sobre isso. Mas não é nada que muito treino e determinação não resolvam, pois o pior já foi. Vou voltar aos 100% e ser um lutador melhor do que eu era antes da doença.
Agora vem o ADCC 2015. Na edição de 2013, você aprendeu muito?
Naquele ano não entendia as regras direito. Não fiquei muito ligado nas chaves de calcanhar, por exemplo, posições que ninguém aplica no Jiu-Jitsu, nem nos torneios nem nos treinos. Agora já estou mais acostumado e vou para ser campeão, com certeza. Acho que a categoria acima de 99kg é uma das categorias mais complicadas do ADCC, talvez a mais complicada. Tanto é que, no absoluto do ADCC 2013, quem fez a final foi Roberto Cyborg e Marcus Buchecha, dois atletas dessa divisão.
Como está o camp com Roberto Cyborg aí em Miami?
Meu camp vai ser todo feito com o Roberto Cyborg, em Miami. Como ele não vai estar na minha categoria, porque vai fazer a superluta contra o André Galvão, ele me chamou para fazer parte do camp. Tem uma galera boa aqui, as chaves de calcanhar são mais comuns no treino, e vai ser um camp excelente, vou dar tudo de mim para ficar na melhor forma. Só de sobreviver a esse camp vai ser um grande avanço.
O que muda no seu jogo sem kimono, João?
Sem kimono meu jogo fica mais solto, pois não existem as pegadas. Sinto que consigo dar mais giro. Sem kimono, eu sou mais finalizador também. Como gosto de fazer lutas bonitas para o público, acho que no ADCC meu jogo fica mais solto e mais eficiente. Consigo buscar mais a finalização sem kimono, pois não tem pano para o rival segurar. Prefiro executar exatamente o meu jogo de kimono no sem kimono, lógico que ajustando as pegadas. Mas sou mais finalizador com certeza. A ideia é dar show lá em São Paulo, fiquem de olho.