“Estou mudando o meu jogo”, disse Roger Gracie, nesta sexta-feira, nos bastidores do Europeu 2012, o charmoso campeonato de Jiu-Jitsu, que vai rolar até domingo, em Lisboa.
“Durante toda a minha carreira na faixa-preta, eu me habituei a começar as lutas num ritmo lento e tranquilo. Nunca tinha visto necessidade em partir pra cima dos adversários nos dois primeiros minutos de um combate, já que uma luta dura dez minutos. Sempre comecei lento e intensifiquei o ritmo progressivamente, chegando ao máximo da intensidade nos instantes finais. Porém, depois da minha primeira derrota no MMA (para Muhammed “King Mo” Lawal, por nocaute, no Strikeforce, em setembro de 2011), a ficha caiu, se eu não mudar essa maneira de lutar, vou perder novamente”, disse o professor carioca radicado em Londres.
Roger Gracie deu a entender que não há como se tornar um “lutador de MMA explosivo” enquanto se mantiver um competidor de Jiu-Jitsu, digamos, “calmo demais”. A essência (o Jiu-Jitsu) é quem dita as regras para todas as outras facetas de Roger, inclusive quando ele entra num ringue vestindo luvinhas e bermudão.
Em nome do filho e do Jiu-Jitsu
O Gracie se emocionou (olhos marejados) ao recordar do momento em que viu o filho pela primeira vez após a luta contra Muhammed. “Não quero sentir aquela sensação novamente, meu filho é muito importante para mim, quero ser o melhor exemplo possível para ele, não posso chegar em casa derrotado”, disse Roger.
“Então estou focando minha carreira no MMA. Acredito que, de pano, eu só lute mesmo o Mundial este ano. Por isso não me inscrevi no Europeu. Gostaria muito de competir num campeonato de tão alto nível, mas minha prioridade agora são os treinos de MMA. Essa foi a grande lição que aprendi com minha derrota: tenho de aumentar minha determinação, entrar na luta num ritmo muito mais intenso. No Jiu-Jitsu, eu chego a tomar quedas no começo, mas tenho cerca de oito minutos para me recuperar, é mais que o bastante. No MMA, um soco ou uma joelhada podem terminar um combate de forma instantânea, não há tempo pra se recuperar de um nocaute”.
Muito assediado por fãs, alunos e amigos, Roger ainda escutou a pergunta do repórter a respeito do título absoluto na faixa-preta em Lisboa. Afinal, quem vai ser o grande campeão do Europeu 2012?
“Olha, o favorito é o Rodolfo Vieira, não há como negar. Ele vem de ótimos resultados. Mas todos têm chance. Acompanhei os treinos do Lagarto, por exemplo, e ele está em ótima forma. Mas, se é para apontar um favorito, não dá para negar que é o Rodolfo”.