No último sábado, 1º de agosto, Rousimar “Toquinho” Palhares finalizou Jake Shields na kimura na luta principal do WSOF 22, mas ficou em evidência novamente a sua mania de segurar a finalização nos adversários. (Relembre aqui).
Depois de perder o cinturão e ficar afastado por tempo indeterminado, o faixa-preta de Jiu-Jitsu divulgou hoje sua opinião, em comunicado por meio de sua assessoria. Confira e comente: você está do lado de Toquinho?
“Primeiramente, gostaria de expor minha opinião no que se refere ao profissionalismo e fair play. Falta de profissionalismo e fair play, para mim, é quando um adversário passa semanas dando declarações na mídia de que buscaria me lesionar seriamente a qualquer custo. Acredito que existam várias maneiras de se promover uma luta, mas não devemos jamais incentivar a violência em troca do ódio, o mundo já está cansado de guerras. Se queremos que o MMA seja um esporte, atitudes como essa deveriam ser coibidas para promovermos valores positivos, como todos os esportes profissionais e olímpicos fazem.
“Na minha concepção, falta de profissionalismo e fair play teve o meu oponente que me deu um soco no rosto propositadamente ao término da luta e arremessou sobre mim objetos enquanto enquanto eu concedia uma entrevista à equipe do USA Tosay Sports falando a respeito da minha vitória. Além disso, foi inconcebível o fato de seus treinadores/córners tentarem invadir o cage para me agredir deliberadamente.
“A mistura de todas as artes marciais que envolvem o MMA, muitas vezes não permite que o grande público tenha total conhecimento sobre a complexidade dos movimentos que nós lutadores fazemos dentro do cage. Durante a luta, Shields e eu passamos por diversos momentos de disputa de posições na luta agarrada, minha consciência é plena de que, se meus dedos atingiram os olhos do meu adversário, em momento algum foi algo intencional. Além disso, por diversas vezes o queixo do Shields atingiu meus olhos, simplesmente estávamos competindo por cada espaço, cada centímetro.
“É muito comum no MMA, por erro de cálculo, o atleta ser atingido por chutes nas partes genitais, assim como nos olhos, invariavelmente. Lembro a vocês que, em nenhum momento da luta, Shields solicitou auxílio médico ou um tempo para recuperar-se de uma possível lesão causada pelo meu dedo, o que poderia até ter terminado o combate como um No Contest.
“Não julgo correto o Shields justificar uma derrota legítima com esse argumento. Todo atleta de MMA, deve saber respeitar a vitória e a derrota, e não tentar polemizar situações que não tiveram interferência nenhuma no resultado da luta.
“Me dediquei muito nos treinos para esse combate, e não arriscaria nada para colocar em dúvida minha vitória e meu cinturão. Simplesmente, fiz o meu trabalho e finalizei um atleta que nunca na carreira havia sofrido este tipo derrota. O surpreendi com uma kimura num movimento bastante técnico, que muitos não imaginariam que poderia acontecer. Isso sim, é o que deveria ser exaltado pela mídia.
“Com relação ao tempo para soltar a finalização, isso é algo que tenho trabalhado bastante, sou humilde o suficiente para assumir as coisas que preciso melhorar. Porém, entendo que o árbitro poderia estar mais bem posicionado e ter interferido de uma melhor forma.
“Não sou uma pessoa maldosa, caso fosse poderia ter, de fato, quebrado o braço do Shields. Tenho força suficiente para o tal, no entanto, com cerca de 1,06 segundos após o contato do árbitro tive o reflexo de liberar a finalização e comemorar a vitória. Cada atleta tem uma adrenalina diferente, é nítido no vídeo o movimento de reflexo do meu corpo ao sentir o toque do juiz, não continuei a aumentar a pressão ou ajuste no golpe, simplesmente larguei o braço.
“Já passei por muitas situações difíceis na minha vida pessoal e esportiva. Tenho mais de 20 lutas na carreira, e ninguém nunca nomeará um único adversário que quebrou o braço ou a perna lutando comigo, nunca encerrei a carreira de ninguém por lesão. Jamais deixei ninguém cego, ou enfiei o dedo propositadamente nos olhos de um adversário. Isso é real, são fatos.
“Alguns veículos adoram um vilão, seja um falastrão estilo bad boy, ou alguém para ser rotulado como o lado perverso, o lado obscuro, no melhor estilo dos filmes de Hollywood, mas esse personagem não sou eu, não sou ator de filme de terror, sou apenas um atleta que ama o Jiu-Jitsu. Infelizmente, o fato de não dominar o inglês, não permite que minha visão acerca do assunto seja externada para desmistificar essa imagem que não condiz com os valores que prezo na vida.
“Não concordo com a decisão de ser suspenso e punido com a perda do cinturão, mais tenho que aceitar. Estamos sujeitos a isto quando assinamos um contrato para participar de um show . O que não aceito é estar sendo chamado de lutador sujo. Durante toda minha preparação para esta luta, Shields falou muitas coisas sobre mim e minha família, além de se aproveitar inúmeras vezes do fato de eu não falar inglês para gerar um clima de animosidade . Por muitas oportunidades, as pessoas mais próximas de mim não me falavam sobre esses insultos, para que eu não perdesse a minha concentração. Este tipo de atitude, sim, é uma coisa suja. Usar isso para promover um combate é lamentável. Ele já sabia que iria perder e tentou de todas as formas me atingir. No decorrer de nossa luta, dei todas as oportunidades para ele mostrar suas habilidades no Jiu-Jitsu, mas ele não fez nada e, como sempre, só amarrava a luta.
“Para finalizar, gostaria de dizer ao Sr. Shields que não é necessário todo esse drama para ter uma revanche. Eu aceito qualquer desafio com você. Desta vez, não te darei oportunidades para reclamar, pois vou te nocautear”.