Royler Gracie divulgou, esta semana, uma carta aberta sobre os boatos que vêm circulando sobre sua revanche com Eddie Bravo, seu algoz no ADCC 2003. Royler tece críticas a Guy Neivens, vice-presidente do ADCC. A pedido do GRACIEMAG, Neivens deu sua versão, logo abaixo. Primeiro, Royler:
“Para todos os meus admiradores
“Aqui vai a verdade sobre minha participação em potencial numa superluta do ADCC 2011: recebi um telefonema do Renzo, meu primo, que contou que o ADCC estava interessado na minha participação no torneio de setembro. Eu prontamente disse que seria um prazer para mim competir mais uma vez no ADCC. Renzo disse que o vice-presidente do ADCC, Guy Neivens, iria então entrar em contato para negociar os termos do nosso contrato, incluindo aí a bolsa para a superluta. No dia seguinte, o site do ADCC noticiou a luta e a mídia especializada entrou em contato comigo. Declarei que seria um prazer treinar duro novamente para uma luta agarrada, e que estava confiante que iríamos chegar a um acordo para a luta acontecer. Nenhum detalhe tinha sido especificado até esse ponto, nem eu havia conversado com ninguém do ADCC sobre a luta.
“Vários dias depois, Guy Neivens me telefonou para negociar os termos do contrato para a luta. Pela minha experiência, essas negociações são sempre sigilosas, feitas de modo confidencial. Para minha surpresa, logo no dia seguinte li que Mr. Neivens havia divulgado alguns detalhes da nossa conversa para o público em geral. Quem sabe Mr. Neivens não estava tentando me forçar a assinar um contrato injusto? Independentemente da motivação, é deplorável que alguém que trabalhe para o Xeque Tahnoon haja, na minha opinião, de forma antiética, antiprofissional e desrespeitosa com um lutador. O Xeque é um homem distinto que tem sido crucial no crescimento da luta de solo agarrada no planeta. Os gestos de Mr. Neivens, para mim, demonstram uma falta de habilidade no seu trabalho de vice-presidente do ADCC, e não o honram como representante do Xeque.
“Todo mundo sabe que eu sou lutador. Nunca fugi de um desafio. Desde que tenho 6 anos, fiz centenas de luta, todas de graça, pelo amor ao esporte. Lutei em torneios de Jiu-Jitsu, judô, submission wrestling, MMA e até em lutas sem regras. Encarei adversários com o dobro do meu tamanho, por vezes. Covardia não existe no meu vocabulário, nem no da minha família. Em quase 40 anos de carreira, atingi o apogeu no meu esporte, com sete títulos mundiais (quatro no Jiu-Jitsu e três em Abu Dhabi). Ao lutar num evento profissional, após anos de dedicação, penso que é apenas justo e adequado para mim pedir uma bolsa razoável que reflita o sucesso de minha carreira nos ringues e tapetes, e minha conduta como atleta profissional. Quem me conhece sabe que vou aparecer para um evento muito bem preparado. Isso significa não dar aulas e recusar seminários por dois meses, o que reflete num custo alto para mim e minha família. Tudo que pedi foi que o ADCC cobrisse essas despesas. Estou ainda plenamente confiante que os organizadores de Abu Dhabi vão me tratar com o mesmo respeito que sempre mereci, e vão fazer essa luta acontecer, em nome de nossos leais fãs.
Royler Gracie”
A resposta de Guy Neivens:
“Em resposta a carta de Royler Gracie. Royler é um grande campeão do ADCC, com três títulos invictos nas costas, e uma verdadeira lenda do esporte.
“O objetivo do ADCC, desde 1998, tem sido promover a luta agarrada pelo planeta, tendo hoje Federações em 50 países. Há alguns meses, o comitê do ADCC idealizou lutas entre veteranos para gerar mais interesse para o esporte. Renzo Gracie contra Mario Sperry está confirmada, e a ideia de uma revanche entre Royler Gracie e Eddie Bravo parecia um tira-teima atrativo.
“Com seus patrocinadores, o ADCC garantiu um prêmio de 25 mil dólares para a luta. No entanto, Royler quis 50 mil apenas para competir, e mais 25 mil se ele ganhar. Daria 75 mil dólares apenas para uma luta entre dois veteranos! O ADCC tentou buscar mais patrocínio, mas até agora sem sucesso. Além do que, decidiu-se que não podemos oferecer mais a atletas veteranos do que para a atual superluta principal, entre Ronaldo Jacaré (supercampeão) e Braulio Carcará (campeão do absoluto).
“Devemos realçar que o ADCC é uma organização não-lucrativa cujo objetivo é tornar a luta agarrada um esporte global. Mesmo assim, adoraríamos que essa luta entre Royler e Bravo ocorresse. Como Royler e centenas de outros lutadores que competiram com a gente sabem, jamais houve um contrato entre o ADCC e algum lutador. É um torneio para atletas classificados ou convidados
“O ADCC continuará a promover o esporte submission com o objetivo de angariar o respeito e o apoio que a modalidade certamente merece.
Guy Neivens – ADCC.”