Augusto “Tanquinho” Mendes foi o vice-campeão dos penas logo em sua estreia no peso, e já chegou fazendo barulho, ao vencer Rubens Cobrinha na semifinal.
O atleta da Soul Fighters, claro, gostou da luta contra o tetracampeão mundial – diferente de Cobrinha, como você leu ontem aqui no GRACIEMAG.com.
“Dei uma queda, ele raspou e eu raspei. Revi a luta e notei que não caímos nenhuma vez naquela guarda 50/50, então foi uma luta muito melhor de se ver do que a final contra o Rafa, por exemplo. Compensou ter descido de peso, a sauninha valeu a pena. Quase cheguei lá, faltou uma vantagem para o ouro, mas valeu. Mas ainda não decidi se virei peso-pena não, vou descansar, comer direito e decidir depois”, explicou Tanquinho, que perdeu a final nas vantagens para o bicampeão Rafael Mendes.
Na equipe Soul Fighters, repercutiu bastante a entrevista de Cobrinha, em que o tetracampeão mundial reconheceu os méritos de Tanquinho, mas alegou ter sido vítimas de manobras evasivas durante a luta e pediu mais punições.
Irmão de Augusto, Bruno “Tanque” defendeu a vitória no Facebook.
“É óbvio que declarações de um tetracampeão mundial e uma lenda do esporte vão ter um eco maior do que a da maioria das pessoas. E em meu nome e da minha equipe respeito muito a opinião do Cobrinha, que é um cara que sempre foi ídolo e fez muito para a evolução do Jiu Jitsu como esporte.
“Concordo quando o Cobrinha fala das regras, que as mesmas tornem as lutas mais dinâmicas. Mas não entendi o que ele quis dizer com ‘influência’ sobre a arbitragem. O Tanquinho foi beneficiado? A luta passou ao vivo na internet e está em sites de compartilhamento de videos…., bem, nem na hora, nem agora li ou ouvi um comentário sobre o Cobrinha ter sido roubado ou o Tanquinho beneficiado.
“Forma de lutar cada um tem a sua, e se pegarem o histórico do Tanquinho vão ver que ele finaliza a maioria das suas lutas. E falando francamente, sem ser hipócrita, é muito bonito finalizar, mas na realidade as finalizações ocorrem nas lutas preliminares, quando afunila e só sobram os atletas da elite ou superelite, conta-se nos dedos as finalizações. O único que pode falar chama-se Roger Gracie, que vai e pega todo mundo.
“Não quero que me interpretem mal, pois o que ensino e prego aos meus alunos é que tem que lutar para pegar, mas o alto rendimento iguala a luta a tal ponto que para finalizar tem que haver um erro grosseiro de tática ou posicionamento durante a luta.
“E, do momento que o Jiu Jitsu se transformou em esporte, as pessoas perderam um pouco do que é realmente Jiu-Jitsu. Jiu-Jitsu é muito mais do que raspagem, armlock, inversão, guarda-aranha e afins… Por que não vejo um campeão mundial falar que a defesa pessoal é a coisa mais importante do Jiu-Jitsu? Que ela é a base que origina tudo que é feito hoje?
“Tem faixa-preta de ‘BJJ’ que nunca fez uma posição de defesa pessoal na vida, por que ninguém critica isso?
“O mais preocupante foi quando Cobrinha disse que olhou as outras lutas e viu que quatro delas estavam na 50/50. Quem acompanhou o evento, e acompanha os campeonatos sabe que a maioria das lutas de hoje fica nesta posição. Isso é realmente preocupante. Antes, quando surgiu, a 50/50 era um recurso de quem sabe usar este tipo de guarda, hoje em dia todo mundo quer fazer, mas na verdade a maioria não sabe, e por isso as lutas ficam travadas, porque realmente é uma posição que trava.
“Estou de acordo que alguma coisa tem de ser feita, mas não só pelos dirigentes do esporte, mas principalmente pelos professores de Jiu-Jitsu, os primeiros a berrar do córner: – Segura, falta 1 minuto!
“Escolas sérias como a do próprio Cobrinha pregam e valorizam um Jiu-Jitsu para a frente, mas a maioria ensina (e vão continuar ensinando) isso que estamos vendo hoje.
Bruno ‘Tanque’ Mendes”