Augusto “Tanquinho” Mendes parecia se recusar a perder no Mundial Sem Kimono 2012. No último domingo, virou a luta contra Leandro Lo na semifinal. Na final, a tão falada e polêmica final contra Jonathan “JT” Torres, Tanquinho ganhou uma vantagem decisiva nos últimos segundos.
GRACIEMAG: O que você destaca como seu ponto mais forte nesse Mundial Sem Kimono? O que fez diferença?
AUGUSTO TANQUINHO: Acredito que lutei com inteligência e consegui seguir as estratégias traçadas. Enfrentei grandes atletas, errei pouco e percebi que ainda estou evoluindo desde a minha volta depois da cirurgia. A cada campeonato estou melhorando.
Como se desenrolou a semifinal com Leandro Lo, na sua visão?
Contra o Leandro fiz uma boa estratégia, eu queria ficar por cima e atacar seu pé ou joelho, conquistando vantagens e pontos por combatividade, ou até finalizar quem sabe. A tática deu tão certo que consegui ali no fim encaixar a kimura de pé e ele teve de rolar para fora do tatame para defender. Com isso, ganhei dois pontos. A luta reiniciou em pé e mais uma vez tive de enfrentar a guarda dele, só que dessa vez eu estava na vantagem, 2 a 0. Ele teve de ir para o tudo-ou-nada e aproveitei o espaço que ele deixou e passei direto para a montada, e fiz mais sete pontos, 9 a 0.
O que você achou do Lo como oponente?
O Lo é um grande amigo e tem o meu respeito pela sua postura, humildade e pelo Jiu-Jitsu que tem, eu já disse isso para ele e repito aqui no GRACIEMAG.com: o cara ainda é o número um do mundo. Eu vou trabalhar mais para ganhar dele ou de qualquer outro de kimono, até ter a minha chance de virar o número um.
E o detalhe da montada?
Já tínhamos lutado duas vezes ano passado, e cada um venceu uma vez – eu no Pan por 4 a 0 e ele no Basileiro, por 4 a 2. Eu já sabia que seria dureza, mas confio no meu Jiu-Jitsu. Nessa luta eu aproveitei a falha dele, ele tentou empatar a luta com uma raspagem no sacrifício e com isso abriu a oportunidade que eu esperava. Caí direto na montada e estabilizei a posição, fui oportunista e inteligente.
E aí houve a final contra JT, decidida nas vantagens…
A minha final contra o JT foi uma boa luta, acho que mostrei mais coração e vontade de ganhar – o JT quis jogar na malandragem quando estava na frente em vantagens, mas eu senti que ele cansou e com isso você não raciocina tão bem. Ele esqueceu que tinha tomado uma punição verbal e quando fugiu da luta no chão tomou a segunda punição, o que lhe custou uma vantagem para mim. No fim, ele quis entrar na posição para emborcar, para ficar por cima amarrando, só que foi surpreendido por um estrangulamento que no meu ponto de vista muita gente ainda não conhece.
Como é aquele golpe ali, um triângulo sem a mão por dentro? E pega mesmo?
Algumas pessoas acham que eu só botei minhas pernas para apertar a cabeça dele, mas na realidade esse é um estrangulamento oriundo do judô, que o Wellington Megaton e a Mackenzie me ensinaram. Eles adaptaram para o Jiu-Jitsu sem kimono e a Mackenzie tem finalizado muita gente com isso. Eu o usei e surpreendi o JT. Eu garanto que estava muito arrochado e até pensei que ele iria apagar, porque senti ele ficando mais mole. Aí eu errei ao tentar fazer um melhor ajuste e perdi a posição. Mas eu tinha certeza de que o juiz viu o perigo que levei com o estrangulamento. Inclusive na final do meio-pesado o Rômulo Barral usou um estrangulamento parecido e ganhou uma vantagem também.
E você ficou irritado pelo fato de ele não ter ido ao pódio? O que houve?
Sim, achei muita falta de respeito da parte do JT ao não comparecer ao pódio para receber a medalha de prata. Quem não vai ao pódio desprestigia os demais concorrentes. Menos de dois meses atrás, o JT me venceu na final do Boston Open, também nas vantagens, e eu estava lá no pódio. Fico triste que ainda haja pessoas que faltem com o respeito dessa maneira.
O que vem agora para você?
Vou continuar meus treinos de pano e estou esperando uma vaga para lutar o Pro League da IBJJF, dia 8 de dezembro. Estou em oitavo lugar no ranking da IBJJF no peso leve, mas só os seis primeiros estão classificados. Não lutei os principais campeonatos da IBJJF em 2012 por culpa da minha cirurgia na cervical e isso me prejudicou um pouco no ranking, mas tenho esperança ainda de lutar o Pro League. Se duas pessoas à minha frente não puderem lutar, eu entro na vaga delas. Não quero torcer para nenhuma dessas feras ficar de fora, claro, mas se a chance cair no meu colo eu vou com tudo!