No segundo dia de competição do judô em Tóquio, o gaúcho Daniel Cargnin, de 23 anos, ganhou a medalha de bronze na categoria meio-leve (66kg) nos Jogos Olímpicos, após derrubar o israelense Baruch Shmailov.
Estreante em Olimpíadas, Daniel obteve um wazari e segurou o resultado com inteligência, na madrugada deste 25 de julho. Quando os tambores da histórica arena Nippon Budokan soaram, decretando a vitória sobre o israelense, o faixa-preta olhou para cima, emocionado.
“Lembro que em 2018 eu não aguentava mais treinar, estava exausto, e minha treinadora Yuko Fujii não me deixava descansar”, lembrou Daniel, em entrevista com a medalha no peito. “Eu chegava a chorar no vestiário, pensando: por que ela não desiste de mim? Eu mesmo já não aguentava, mas se ela insistia é porque via alguma coisa boa no meu futuro. Por isso hoje nos abraçamos e a emoção foi tão forte”.
Depois de pensar em desistir quando perdeu o Mundial por ter contraído o coronavírus, Daniel Cargnin esbanjou raça em Tóquio, e lutou com um olhar que parecia soltar fagulhas.
Nas preliminares, o elétrico faixa-preta venceu seus três adversários na chave meio-leve e só parou na semifinal diante do japonês Abe Hifume, que conseguiu o ippon a um minuto e meio do fim, para ir à final.
O gaúcho, que começou a lutar inspirado por João Derly, venceu na primeira luta o egípcio Mohamed Abdelmawgoud, número 14 do ranking, com um ippon no golden score.
Nas oitavas, encarou o medalhista mundial Denis Vieru, da Moldávia. Atento e agressivo, Daniel encaixou a técnica de projeção e marcou o wazari vencedor no tempo extra.
Nas quartas, o brasileiro encontrou um de seus maiores rivais, o italiano Manuel Lombardo, velho conhecido dos tempos de seleção júnior. Lombardo foi vice-campeão mundial um mês atrás, na Hungria, e chegou aos Jogos como o número um da categoria. O retrospecto dos dois, porém, era favorável a Daniel que tinha uma vitória em uma luta com o italiano, na final do Grand Slam de Brasília, em 2019.
Em Tóquio, novamente Cargnin levou a melhor. Não deu espaço para Lombardo lutar, acelerou a luta e projetou o adversário a dez segundos do fim para se garantir na semifinal.
O ouro ficou mesmo com o favorito e bicampeão mundial Abe Hifume, do Japão.
Sua irmã, Abe Uta, foi a campeã do meio-leve feminino (52kg). Ela, que como o irmão também tem dois títulos mundiais, foi a algoz da brasileira Larissa Pimenta nas oitavas em Tóquio, também nesta madrugada.
Antes disso, Larissa havia estreado bem, com uma vitória por wazari sobre Agata Perenc. Foi a primeira participação olímpica da brasileira também.