Em que aspecto os treinos de Rodolfo Vieira, André Galvão, Amanda Leoa ou do seu vizinho que treina são idênticos?
Na necessidade de dar um tempinho e se hidratar.
A sede, esta “fraqueza” que ataca faixas-brancas e campeões estelares da mesma forma é um momento importante na sua vida no Jiu-Jitsu, e você precisa aprender o que fazer com ela.
Como atacá-la? Água pura, água de coco, isotônico? Qual será a hora certa de repor líquidos? O quanto beber?
GRACIEMAG conversou sobre o tema com André Galvão, supercampeão do ADCC e que este ano tem previsão de encarar Claudio Calasans na superluta do evento na Finlândia. O professor da Atos é um competidor e professor atento à reidratação. Assim que passou à final do absoluto do ADCC 2011, por exemplo, sua primeira preocupação foi pensar nas duas garrafinhas que sempre carrega consigo, e refletir: “O que vou beber antes da luta mais importante do evento?”
“Ali na Inglaterra, antes da final, eu estava realmente com muita sede, uma sede também por aquele título”, começa André. “Quando eu luto, sempre tenho uma garrafa somente de água pura comigo e outra só de carboidrato, tipo Endurance. Há muitas bebidas repositoras excelentes, mas eu acho muito bom beber a água natural mesmo. É ela quem limpa realmente o seu corpo de toda impureza. A água ajuda na recuperação, na limpeza e também ajuda a tirar o ácido lático do seu corpo – é este ácido que deixa nosso corpo dolorido depois de treinos fortes e competições. Nos treinos ou no campeonato de mais alto nível, é extremamente importante se manter hidratado. O corpo é uma máquina, e sem água o motor pode até fundir. Lembre-se, Deus fez a água sem cheiro, sem gosto, sem forma e sem cor para todo mundo gostar dela”, filosofa o faixa-preta.
Galvão fala ainda sobre os isotônicos:
“Não sou fã pois eles têm muita quantidade de açúcar, um açúcar errado. O isotônico com esse açúcar prejudica a performance, causa fadiga muscular. Para mim o melhor é ter por perto uma bebida de alto teor de carboidrato 4 por 1, ou seja, a cada quatro gramas de carbo contém um grama de proteína. Isso comprovadamente ajuda na recuperação e nos treinos de alta performance. Combino isso com uma dose maior de aminoácidos durante as competições, afinal ali tem muito mais adrenalina rolando, você faz muito mais força e o desgaste é bem maior, por isso as reservas de energia têm de estar totalmente cheias – é melhor sobrar do que faltar”, diz o lutador, para quem coisas como água em excesso não existe.
“Água nunca faz mal a ninguém, quanto mais beber melhor. Melhor para sua recuperação, melhor para sua atuação na luta e melhor para curar as microlesões nos músculos. Eu sempre digo, quer ter mais gás? Beba mais água! Ela ajuda a hidratar tendões, ligamentos e juntas, e assim você cansa menos. Claro que você não deve tomar dois litros de água minutos antes do treino”, ensina Galvão, que recomenda sempre uma “garrafa amiga”, aquela que fica ali no cantinho assistindo aos seus treinos, e a quem você deve recorrer sempre que tiver um tempinho.
“Recomendo diversos goles durante o treinamento, e depois do treino sugiro beber de dois a três litros de água. Você vai urinar direto, mas repare que sua urina vai ficar branquinha – o que é bom sinal. Urinar amarelo é indício de que você está precisando de mais água no radiador. Não tome água apenas com sede, beba o tempo todo”.
Para André Galvão, portanto, a água é de fato a melhor amiga do praticante de Jiu-Jitsu, seja ele o Marcus Buchecha ou seu vizinho. Se você não consegue beber água o tempo todo, ele tem outra dica: “Faça um chá verde com meio limão espremido e complete com o dobro de água, sem açúcar ou adoçante, claro. Deixe gelar e leve para o treino. Vai dar um gostinho leve e você vai ficar hidratado, pois dá para matar um galão fácil”.
E aí, matou sua sede de conhecimentos? Pois Deco ainda tem mais a ensinar: “E ainda tem outra coisa fundamental para quem faz Jiu-Jitsu, que é o primo da água: o gelo (para as contusões). Com certeza a água e o gelo são os melhores amigos de um lutador. Mas a gente fala dele em outra oportunidade…”
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