Quem aborda Gary Goodridge, 45 anos, é recebido logo com seus dois maiores trunfos. Seu sorriso e seu punho direito, com o qual o “Big Daddy” cumprimenta o interlocutor. Um dos pioneiros do MMA, o lutador de Trinidad e Tobago radicado no Canadá está aposentado, “irremediavelmente aposentado”, mas afirma que será um dos espectadores dos mais empolgados no Rogers Centre, durante o UFC 129.
Pergunto qual será a melhor luta, a que ele mais quer assistir. O gigante negro me fita, pensando um pouco, me deixando em dúvida se falei alguma besteira.
“Machida e Couture”, diz enfim, em concordância com que Tito Ortiz twittou outro dia. Os veteranos parecem estar mais ansiosos por esta do que por GSP x Shields e Aldo x Hominick.
Pondero então que o karateca Lyoto Machida não tem nada que ver com o estilo de briga do velho “Papaizão”.
“É, meu estilo era totalmente outro. Mas eu gosto de ver sua técnica de trocação. Ele bate e recua, bate e recua, enquanto eu batia e não pensava em outra coisa, continuava batendo e indo à frente”, lembra o aposentado, prevendo como será o jogo de Lyoto, que reafirmou que vai procurar vencer apenas em pé.
Ex-UFC e Pride, Goodridge foi um dos maiores nocauteadores dos tempos românticos do vale-tudo – com ele era derrubar ou ser derrubado. Um método arriscado, mas divertido. Depois de uns anos no topo, o mão-pesada virou um respeitado “guardião do portão”, ou seja, o lutador que era preciso ser tirado do caminho para se conquistar a chance de disputar o título. Foi Gary Goodridge que Rodrigo Minotauro precisou finalizar antes da consagradora vitória sobre Mark Coleman, no Pride em 2001, vocês lembram. Ele agora fala sobre a academia aqui em Toronto, os novos alunos, o trabalho como professor, hoje o maior orgulho dele.
Do nosso lado, jornalistas e fãs perturbam Royce Gracie. Aponto e pergunto se uma luta no Rio contra Royce não faria sua cabeça.
“Seria uma luta incrível, mas eu parei mesmo. Aos 45 anos só quero ensinar e formar meus campeões na Big Daddy Fight Team. Essa luta Royce x Goodridge agora só na cabeça dos fãs, que vão ficar pensando como seria. Hoje eu e Royce somos amigos, prefiro sentar com ele e ficar conversando sobre MMA do que lutar com ele”, encerra, antes de mostrar o punho, para mais uma troca de soquinhos amistosos, agora de despedida.