Sempre fui um grande fã de quem tem personalidade. Admiro essas pessoas que não se enquadram em padrões e que não desejam ser iguais a todo mundo. Assim, não tenho como não torcer por Roy “Big Country” Nelson. Para mim, não existe ninguém no UFC mais original do que ele.
Quem não acompanha MMA e vê Roy Nelson pela primeira vez, com seus 120kg mal distribuídos em 1,83m, sua expressão tranquila, sua barba desleixada e sua proeminente barriga, jamais diria tratar-se de um lutador profissional. Ainda mais um dos melhores peso pesados do esporte, que já enfrentou lutadores como Junior Cigano, Mirko Cro Cop, Fabrício Werdum, Stefan Struve, Matt Mittrione e Frank Mir.
Ter personalidade é ser você mesmo, independentemente da opinião geral. Quando o UFC queria promover o fenômeno da internet Kimbo Slice, levaram-no para o reality show “The Ultimate Fighter: Heavyweights” e puseram-no para enfrentar Nelson em sua primeira luta, achando que seria mais fácil vencer aquele estranho gordo. Roy surpreendeu o mundo ao nocautear Kimbo e ao vencer aquela temporada do “TUF”.
Quanto Dana White criticava-o por estar fora de forma, Nelson fazia questão de acariciar acintosamente sua barriga após cada vitória. Como se já não fosse diferente de todos, ainda deixou crescer uma barba de andarilho e um bizarro rabo-de-cavalo. Personalidade de sobra.
Em geral as pessoas tendem a pensar no lutador de MMA como um estereótipo: musculoso, tatuado, com a cabeça raspada e cara de mau. Tendem a pensar em alguém como o francês Cheick Kongo. Por isso mesmo, o melhor momento do UFC 159, no sábado 27 de abril, foi a vitória de Roy Nelson sobre Kongo.
Em noite que teve como combates principais a chatíssima luta entre Alan Belcher e Michael Bisping e o previsível “passeio” de Jon Jones sobre Chael Sonnen, Roy empolgou a todos ao nocautear o paredão francês.
Uns amigos que assistiam à luta se divertiam: “O gigante vai matar esse gordinho”, ou “Esse barrigudo deve adorar um bar…”.
Quanto à última frase, pode até ser verdade. Mas o fato é que, contrariando as expectativas, Roy partiu para cima de Kongo e, com pouco mais de dois minutos do primeiro round, desferiu seu soco “overhand” que demoliu o francês. Uma patada de urso, semelhante às que tinha usado para nocautear Brendan Schaub em 2009 e Stefan Struve em 2010.
E, para coroar a noite, subiu na grade do octógono e comemorou com sua tradicional carícia na pança. Uma sensacional – e divertidíssima – declaração de individualidade.