“Não quero saber de comer, não quero saber de dormir bem, quero saber de guerra”. A frase de Yan Cabral definiu o espírito do terceiro episódio do “The Ultimate Fighter Brasil 2”. Exibido no domingo, 31 de março, o programa revelou a casa e academia onde os 14 participantes vão morar pelas próximas semanas, e mostrou parte da bagunça que será esta segunda temporada. Para arrematar, os dois primeiros classificados para as quartas de final foram conhecidos: as feras do Jiu-Jitsu de competição Tiago Alves e Yan Cabral.
Colchões, sapatos e vestiários não foram poupados na guerra entre os Times Nogueira e Werdum. Tiago e Yan foram os primeiros classificados para a próxima etapa, colocando o Time Werdum dois pontos à frente do placar. No fim do episódio, suspense: com a mão machucada durante o embate, Yan não sabe se sua lesão foi grave o suficiente para retirá-lo de vez da competição. O destino de Yan será selado domingo que vem, no quarto episódio, que promete mais tensão entre as equipes, um desafio empolgante e um nocaute devastador. Você teria um palpite sobre quem vai aplicar o nocaute?
Confusões à parte, o terceiro episódio veio com algumas boas notícias para os 14 participantes: a repescagem e um bônus generoso para esta temporada. Os técnicos Rodrigo Minotauro e Fabrício Werdum informaram que, completando as oitavas de final, uma luta adicional será incorporada, dando a um lutador eliminado na etapa inicial a chance de reintegrar à competição. Deste modo, uma derrota na primeira fase não significa necessariamente o fim da jornada. Além disso, os lutadores recebem premiações em dinheiro de acordo com seus desempenhos.
Fora o vencedor da temporada e seu respectivo técnico, que receberão um Renault Duster zero quilômetro cada, os prêmios ao longo da edição serão:
Melhor Nocaute: 50 mil reais
Melhor Finalização: 50 mil reais
Melhor Luta: 50 mil reais (para cada)
Qualquer finalização ou nocaute: 10 mil reais
“Pegadinhas” na casa e na academia
Logo no primeiro contato com a luxuosa casa desta temporada do programa, alguns papéis ficaram definidos. O argentino Santiago já apelidou, de cara, o agitado Patolino: “Chatolino”. Sempre ativo, o carioca começou a divertir e irritar os companheiros de casa: “Ele é legal nos primeiros cinco minutos, mas depois você já quer arrancar o bico dele”, brincou Léo Santos. As brincadeiras do carioca incomodaram particularmente Yan Cabral, apelidado pelos companheiros de “Presidente”, que chegou a “engrossar” durante um treino após ficar farto das peripécias do membro mais jovem da casa.
“Ele é um garoto de 21 anos, eu entendo, ele está deslumbrado”, reclamou Cabral. “Mas tem horas que passa do ponto”.
Não foi Patolino, contudo, que começou a criar as verdadeiras encrencas da casa, e sim os membros do Time Werdum – encorajados por Yan. Voltando do primeiro treino, os membros da equipe amarela decidiram aplicar a primeira “pegadinha” da temporada, divertindo-se com os colchões de todos os participantes da casa. Após brincarem com as camas na piscina, de “navegar” no lago e de escorregar pelo jardim, eles tiveram que lidar com a ira dos participantes do time oposto, que não gostaram nada de chegar do treino e descobrir que teriam que dormir sem o conforto de seus colchões macios.
“Coisa de moleque mesmo, homem não tem esse tipo de atitude”, reclamou o membro do Time Nogueira Luiz Besouro.
Mas a brincadeira não ficou barata, e em seu devido o tempo o Time Nogueira decidiu revidar: esperando os rivais saírem para o treino, invadiram seus vestiários e começaram a jogar espuma de barbear em seus pertences. Nem Wanderlei Silva ficou a salvo, tendo seu sapato encharcado. Embora entretidos, Márcio Pedra e Pedro Iriê repreenderam a atitude.
“Pelo menos os nossos mestres eles podiam respeitar”, comentou Iriê. O que não impediu o time amarelo de fazer o mesmo. No fim das contas, os dois vestiários acabaram com seus armários derrubados, tatames virados e pertences pessoais devidamente inundados. Santiago pareceu particularmente entretido pela situação, levando tudo na brincadeira. “O que fizerem com a gente, pode ter certeza que vai ter volta”, comentou Juliano Ninja.
Yan Cabral finaliza
Após vencer na moeda no segundo episódio, Werdum escolheu o direito de casar a primeira luta das oitavas de final. O técnico optou por confrontar o paulista Tiago Alves, destaque do Jiu-Jitsu e invicto na carreira profissional, contra Cleiton “Foguete”, o nocauteador do Rio Grande do Sul que já havia confessado estar machucado após a batalha para entrar na casa. A atitude de casar um lutador “saudável” contra um machucado foi criticada por Minotauro. Ao que Werdum rebateu que “a intenção era essa mesmo, de desestabilizar o time oposto”.
Tiago Alves domina Cleiton “Foguete” no chão
A luta entre Alves e Foguete começou com uma trocação tímida. Foguete tentava manter a distância, enquanto o faixa-preta de Barbosa tentava encurtar para aplicar sua estratégia. Após trocas de golpes sem eficiência, Tiago partiu para a queda, derrubando o oponente com um single-leg e se mantendo por cima no chão. Tiago conseguiu ainda a montada duas vezes, enquanto Foguete brigava para manter as costas afastadas do chão. No fim do round, Foguete chegou a retomar brevemente a batalha de pé, mas não tardou para ser derrubado. Por fim, viu-se totalmente dominado durante grande parte do assalto inicial, enquanto Tiago, apesar de competente na estratégia de manter-se no domínio por cima, não conseguia finalizar.
O segundo round foi de ainda maior domínio para Tiago Alves. Após uma tentativa frustrada de um chute rodado de Foguete, o rival do time Werdum conseguiu novamente derrubar. O lutador do Time Nogueira resistia como podia, mas não conseguia se desvencilhar do peso do adversário, muito veloz em suas transições no chão. Mais de uma vez, Tiago conseguiu a montada, e Foguete, apesar dos gritos do técnico para escapar o quadril e retomar o embate de pé, nada conseguia fazer para reagir às investidas do adversário. Vitória de Tiago Alves por decisão unânime dos jurados após dois rounds.
“O Time Werdum começou bem e vai terminar muito bem”, comentou Tiago. “Ouvi que disseram que eu ia morrer no gás, mas acho que mostrei que soco bem, que chuto bem e que, se cair por baixo, tá ferrado, não levanta mais”, comemorou.
A mão de Yan Cabral
Grande alvo de todos os membros do Time Nogueira após liderar a “pegadinha” dos colchões, Yan Cabral foi o escolhido do Time Werdum para a segunda luta. Natural de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, Yan entrou na casa com um impressionante cartel invicto de dez vitórias, todas por finalização – inclusive a última, no Japão em 2011, onde arrochou o katagatame contra Kazushi Sakuraba.
O adversário escolhido por Werdum para enfrentar Yan foi o carioca David Vieira – apesar dos pedidos insistentes de Patolino. David, que também competiu muito de kimono, não perdeu fora da casa, e tem quatro vitórias.
O primeiro round foi movimentado. Logo no início, David tentou derrubar, buscando a perna de Yan para finalizar, mas o atleta do time amarelo conseguiu rodar, manter-se por cima e se desvencilhar. David buscava as costas e não soltava, mas Yan conseguiu ficar de pé e, mantendo a calma, conseguiu fugir da “mochilada” de David e voltar para a posição de cima. David trabalhava agressivamente por baixo, mantendo a guarda e buscando posições, mas, muito calmo, Yan se esquivava e mantinha a postura.
Cabral conseguiu botar o embate de pé, mas David, sempre grudado, jogou-o de volta ao chão. Mais para o final do round, Yan continuava por cima e já conseguia impor mais o seu jogo, enquanto David, aparentemente cansado, diminuía a intensidade de suas investidas. Yan mais uma vez ficou de pé, e terminou o round dominando, conseguindo montar e castigando o adversário do Time Verde.
A possibilidade de ter quebrado a mão, comunicada ao técnico Fabrício Werdum no intervalo do primeiro round, não impediu Yan de voltar com agressividade – embora investindo ainda mais no jiu-jitsu estratégico como trunfo. Novamente caindo por cima, Yan trabalhava com calma, enquanto David usava os ganchos e os longos braços para manter a distância e evitar ser “amassado” no chão. O “Presidente” mantinha a calma, acertando golpes contra o rosto e buscando modos de finalizar. Na segunda metade do round, Yan conseguiu montar, partindo para as costas e encaixar o justo mata-leão que pôs fim ao embate. Vitória de Yan Cabral por finalização no segundo round.
A comemoração, contudo, deu lugar à preocupação quando Yan retornou ao vestiário e constatou a mão dolorida e inchada. Enquanto os técnicos e treinadores tentavam tranquilizá-lo com a possibilidade de ter sido apenas um “mau jeito”, Yan demonstrava preocupação. “Foi só uma luta, mas tem mais, bróder”, comentou, visivelmente abalado com a possibilidade de algo mais sério. Ainda no vestiário, o médico analisou a lesão e determinou a necessidade de uma radiografia. O episódio terminou com Yan sendo levado para o hospital e torcendo para o melhor. “Tomara que não tenha sido nada”, comentou.
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