Após a luta principal do UFC 158 em Montreal, realizada sábado, alguns analistas e fãs ficaram se perguntando: será que Nick Diaz poderia ter tentado variar mais sua guarda para tentar surpreender o campeão GSP, vencedor por decisão unânime após cinco assaltos?
Segundo o campeão mundial Bráulio Estima, que ajudou nos treinos de Jiu-Jitsu do canadense em Montreal, GSP estava preparado para tudo. “Tínhamos uma tática para todo tipo de guarda vista até hoje, principalmente as mais próximas do estilo do Nick”, comenta o faixa-preta da Gracie Barra na Inglaterra.
O Carcará, como é conhecido, falou sobre o estranhamento diante da postura de Kron Gracie, córner de Diaz. Confira.
GracieMag: Qual é a sua análise da luta entre GSP e Nick Diaz no chão?
BRÁULIO ESTIMA: A luta foi bem interessante, acho que foi visível que o trabalho que o time fez durante o camp foi bem calculado e muito bem executado pelo Georges no UFC em Montreal. Sabíamos das vantagens do St-Pierre por cima e procuramos manipular a luta nessa direção. Trabalhamos muito no ground-and-pound na guarda pois, como todos esperavam o Georges iria buscar a queda em muitos pontos do combate. Tínhamos uma tática para todo tipo de guarda vista até hoje, principalmente as próximas do estilo do Nick. Com a pressão que o GSP põe ali por cima, o Diaz só teve chance de virar de quatro, o que aliás ele fez muito bem na minha opinião. Mas, como trabalhamos muito no controle das costas, o GSP estava em casa o tempo todo.
Alguns espectadores e torcedores no nosso Twitter pediram para o Nick tentar mais leglocks e gogoplatas, algo que pudesse surpreender e botar o GSP a perigo. Daria certo?
Não, pois a gente desenvolveu um sistema que anula muito bem esse tipo de guarda mais elástica. O Nick nem conseguia começar a se ajustar. Ali na hora da pancadaria é muito difícil de acontecer uma gogoplata se o lutador já está esperando. E o GSP estava 100% ligado e preparado pra esse tipo de guarda e para tentativas de puxar a perna.
E o que houve depois da luta, nos bastidores, entre você e Kron?
Foi o lado triste para mim e para o Jiu-Jitsu naquela noite de alegria. Não deu para entender. O Kron já havia treinado o Nick Diaz para lutar comigo na World Jiu-Jitsu Expo e continuamos nos falamos normalmente, como sempre. Bem, quando acabou a luta, estava no octógono e fui lá cumprimentá-lo normalmente. Senti ele frio quando apertamos a mão e perguntei se estava tudo bem. Ele disse então: “Brincadeira aqui não, cara, não é hora de brincadeira aqui”. Eu falei que não estava de brincadeira de modo algum, estava apertando a mão de um companheiro e tal. No vestiário ele continuou me destratando, e no fim da coletiva, passou com o time dos Diaz me xingando e pagando porrada. Eu nem quis botar lenha, pois a equipe estava com quase cem caras ali no Canadá, e eles eram cinco. O que Kron fez foi um desrespeito a mim como amigo e principalmente como representante de uma bandeira que defendo há 13 anos morando fora, com caráter e amor ao Jiu-Jitsu. Nós lutamos pela mesma causa, e passamos metade da vida lutando para acabar com aquela fama de que lutas são algo pessoal. Luta é luta e acaba ali no octagon, especialmente entre os treinadores. Não sei se foi recalque ou algum complô que eles criaram na cabeça deles, mas não quero dar um passo para trás na boa fama que o Jiu-Jitsu construiu. Acho que ele também pensa assim, viaja o mundo todo para divulgar o Jiu-Jitsu e devia mostrar mais respeito em situações como essa.
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