O professor mineiro Ulpiano Malachias coleciona medalhas valiosas em sua trajetória como faixa-preta, desde 2006. Foi campeão asiático, tri americano e subiu em outros pódios importantes, como no Mundial Sem Kimono e no Europeu da IBJJF, ambos em seu melhor ano como competidor, em 2008.
Mas ele sempre quis mais. Quinze anos após seu ápice, o peso pesadíssimo da Gracie Barra reuniu todo seu vasto aprendizado nos campos de batalhas para administrar algumas das escolas mais bacanas e rentáveis da equipe, no Texas. Além disso, em vez de varrer para baixo dos tatames os erros e acertos em sua carreira, analisou-os com minúcia e inteligência para formar atletas que, diferente dele, não batam na trave – e cheguem ao gol maior, no máximo de seus sonhos como lutadores e lutadoras.
“O nosso trabalho aqui já está dando resultados nos eventos, caso do faixa-marrom peso leve Henrique Camargo, que é o número um sem kimono de sua divisão na IBJJF”, comentou o professor da Gracie Barra Westchase, em Houston, em papo por telefone com o portal GRACIEMAG.com. “Há ainda o peso médio Matheus Chedid e muitas outras joias que, apostamos, vão dar o que falar no cenário mundial. São lutadores brasileiros e americanos muito competentes com e sem pano.”
Que lições o professor Ulpiano gosta de repetir para motivá-los a sempre subir o nível um pouco mais e não estarem jamais satisfeitos com as medalhas de ouro conquistadas até agora?
O mineiro explica:
“O primeiro conselho que dou a eles é para compreenderem que as façanhas nas faixas coloridas são um bom sinal, devem ser celebradas, mas que isso é apenas um degrau na caminhada. O que vale mesmo é, um dia, a medalha de ouro na faixa-preta. É o Mundial da IBJJF que consagra a pessoa para sempre”, incentiva ele.
“Explico para essa garotada que estão em um processo de aprendizagem, como jovens médicos na residência. Eles e elas estão apenas pegando experiência para chegar na faixa-preta com tudo que eles e elas precisam saber”, acrescenta Ulpiano.
“O segundo conselho é ter muita raça”, diz o professor radicado no Texas. “Eu apesar de jamais ter sido campeão mundial eu me orgulhava de um aspecto: jamais vendi barato minhas lutas, eu era um competidor que não me entregava e jamais desistia da vitória até o relógio soar. Isso eu puxo muito com eles nos treinamentos e torneios. Ninguém chega longe no Jiu-Jitsu sem garra e muito coração.”
E ele então conclui:
“O terceiro conselho para maior evolução técnica deles é pura essência do Jiu-Jitsu: eu quero vê-los finalizando. Eles têm de ir lá para pegar. Não treino ninguém para chegar lá e ganhar por uma vantagem. Se acontecer, claro, é consequência, mas isso não pode ser suficiente para ninguém. Em especial nas faixas da base, os jovens têm de ter a mentalidade de finalizar, é assim que o jogo da turma se torna mais completo, perigoso e eficaz. Sem falar em que fica bonito para a torcida da GB.”