Apesar do inverno rigoroso que assola o Sul do Brasil, os treinos na cidade de Porto Alegre são quentes. Muitos exercícios fazem elevar a sensação térmica das academias. Uma delas é a Sul Jiu-Jitsu, a academia fundada por Zé Mario Sperry e Walter Mattos, em 1994, e hoje comandada por Fernando Paradeda.
Foi num destes calorosos treinos que pude presenciar um fato bem comum em qualquer tatame do mundo. O faixa-preta Paradeda mostrava uma infinidade de variações da mesma raspagem quando Antônio Antoniolli, campeão absoluto da faixa-marrom no Rio Open e recém graduado faixa-preta, questionou: “Professor, quem lhe ensinou estas variações?”. Paradeda respondeu com naturalidade: “Ninguém. São minhas.”
Desenvolver uma posição própria e passá-la adiante tem sido cada vez mais corriqueiro desde a explosão da arte na década de 1990. Muitas posições acabam sendo batizadas com o próprio nome do lutador que a inventou, ou a reinventou. Esta sistemática que não para de evoluir torna o Jiu-Jitsu formidável.
Costumo dizer aos alunos iniciantes que eles não estão iniciando uma prática de arte marcial, e sim mergulhando num oceano de possibilidades no quesito luta.
Afinal, o Jiu-Jitsu é como o mar. Quanto mais você nada, mais compreende o quanto ele é vasto e profundo. Cada posição nova é uma gota a mais no oceano.
O mais interessante é que tal contribuição não enfrenta barreiras, e até um faixa-branca inspirado pode tirar um ás da manga e aparecer com uma finalização eficiente.
Saber que nossa arte suave não para de se desenvolver nos deixa muito felizes, pois o maior legado para as próximas gerações de lutadores é deixar aberta a possibilidade de reinventar o Jiu-Jitsu diariamente. Uma excelente oportunidade de esquentar os gelados tatames do Sul do Brasil e do mundo.