Uma conversa reveladora com o professor Claudio França, líder da BJJ Tour, liga que há 29 anos organiza o US Open. Pioneiro na produção de competições de BJJ nos Estados Unidos, França fala sobre a história do evento, as grandes lições que aprendeu ao longo da trajetória, e as novidades que estão por vir na edição de novembro, que vai ser realizada no ginásio da Independence High School, em San Jose, na Califórnia.
Este ano o tradicional US Open da liga BJJ Tour completa 29 anos. Quais são as lembranças dessa longa trajetória que mais emocionam você?
CLAUDIO FRANÇA: Com certeza muitas lembranças! A primeira edição foi muito especial, tendo em vista todas as dificuldades da época. O Jiu-Jitsu estava bem no início, é difícil fazer um evento de um esporte que ninguém conhece. Foi o primeiro campeonato de BJJ nos Estados Unidos, fomos a primeira organização a fazer eventos aqui. No passar dos anos foi especial ver o BJJ crescer junto com o US Open em tamanho e importância. Nosso primeiro evento teve 150 competidores, praticamente todas as academias americanas da época vieram para o torneio. Atualmente nossos eventos têm por volta de 1.500 competidores. Em 2013 também foi especial, o primeiro ano que abrimos o campeonato para crianças, de 4 a 15 anos. Até então o US Open era organizado só para adultos, muito porque o BJJ ainda não havia se tornado popular entre as crianças.
Quais são os destaques previstos para a edição deste ano, marcada para os dias 16 e 17 de novembro?
Para este ano estamos nos preparando para um evento com 2.000 competidores. Temos novos patrocinadores, que estarão ajudando a elevar o nível do BJJ. Faremos transmissão ao vivo do evento com as principais lutas e, claro, a competição entre as academias para ganhar o renomado título de campeão da vigésima nona edição do US Open entre equipes. A disputa entre faixas-pretas também será um momento marcante do evento. O sábado, primeiro dia da competição, será só para as crianças. Teremos uma grande festa com quase 1000 crianças competindo, elas são o futuro do nosso esporte.
Fale um pouco sobre as lições que você aprendeu nesses 29 anos à frente do US Open.
Aprendi muito sobre organizar eventos nessas três décadas de Estados Unidos, mas tudo começou em 1989 com a Copa Atlântico Sul, na maneira de lidar com os professores e competidores, como trazer patrocínio e investidores para o evento e principalmente na logística da organização, lembrando que o primeiro US Open fizemos sem usar um computador sequer. Hoje isso seria impossível. Um passo muito importante foi introduzir as inscrições on-line. Antes as inscrições eram enviadas pelo correio ou as pessoas vinham pessoalmente se inscrever, era muito complicado, realmente foi o pulo do gato!
Quem são os craques que mais impressionaram você nas áreas de combate do US Open?
Tivemos muitos. Fica difícil falar, foram lutas maravilhosas… Lembro de grandes nomes como BJ Penn, Nick Dias, Kron Gracie… Todas essas feras competindo de faixa-azul e começando a dar os primeiros passos para o estrelato a partir do US Open, ainda nos anos 90. Também tivemos renomados faixas-pretas, como Fabrício Werdum, Corleta, Carlos Machado, Tarsis, Tanquinho, Formiga, Queixinho, e muitos outros, de diferentes gerações, competindo nos tatames do US Open.
E o futuro? Em que patamar vai estar o evento daqui a dez edições? Quais são os principais desafios e objetivos pela frente?
O plano para o futuro é ambicioso. Queremos trazer patrocínio de fora do mercado do BJJ, como Apple, Toyota, Bank of America etc. Grandes marcas e investidores, que possam levar o esporte ao profissionalismo, com boas premiações para os atletas e academias, premiação em dinheiro. Também trabalhamos para trazer a mídia geral, ESPN, FOX…, não só a mídia voltada para as lutas.
Ao longo dos últimos anos percebemos que a sua filha vem participando bastante da organização e promoção do evento. Muito bacana! Fale um pouco sobre esse envolvimento da sua família nos torneios da BJJ Tour. Mais uma prova de que o lema “Jiu-Jitsu é família” se aplica com perfeição?
BJJ e família sempre andaram juntos. Meus filhos Tylor e Mariana começaram no BJJ praticamente no dia que nasceram. Continuaram a treinar durante o crescimento, vivendo a vida das minhas academias e campeonatos. Cresceram competindo nos eventos e com o passar do tempo começaram a me ajudar na organização do show. Já trabalharam em todas as posições que temos no evento. Começaram fazendo check in de atletas, entrega de camisas, foram score keep, depois mat coordinate etc. Por isso conhecem toda a logística dos eventos, e hoje com 22 e 19 anos são pessoas essenciais para a nossa organização, sendo um grande orgulho e prazer para mim trabalhar com eles, dois jovens muito inteligentes e motivados para levar o BJJ para o próximo nível e que eu amo muito.