Todos que chegam para rolar com o faixa-preta José Fábio Alves Azevedo desconfiam que já viram aquele rosto antes. Pudera, o veterano Fabão foi um zagueiro de respeito, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, antes de cair de amores pelo novo esporte.
Hoje com 47 anos, Fabão ainda jogava futebol quando começou a treinar: “É uma terapia, não dá para descrever o que significa. É um esporte que me acalmou, que é bom para a autoestima e que dá confiança. Dá muito respeito do tatame para fora, de como abraçar o ser humano”, disse o ex-beque de Bahia, São Paulo e Flamengo, entre outros times, em entrevista ao portal GE.
Faixa-preta primeiro grau, Fabão lembrou ao repórter José Edgar de Matos que teve seu primeiro contato com a arte marcial em 2013, quando defendia o time do Sobradinho, do Distrito Federal. Foi em meio a aulas de musculação, por insistência de um professor, que o zagueirão deu uma chance à modalidade e vestiu o kimono. O Jiu-Jitsu passou a despertar o lado tranquilo de Fabão, zagueiro que não dava folga aos atacantes em campo.
“Só quem faz sabe: O Jiu-Jitsu doma o animal que tem dentro de você. Tem gente que não tem controle emocional. Com o Jiu-Jitsu, o animal dentro de você fica bem enjaulado”, ensinou.
Fabão é aluno do professor Miogre Tavares, na Gracie Barra Goiânia, cidade onde mora. Ele foi graduado faixa-preta em 2020, mas quase deixou o Jiu-Jitsu quando estava na faixa azul:
“Sempre falo aos amigos, quando você chegar na faixa-azul, não pare. Fiquei três anos parado, até que falaram para eu voltar. Quando voltei, não parei mais. São dez anos já praticando”, vibrou o ex-zagueiro.
O espírito competitivo que Fabão carregou ao longo de sua carreira no futebol está em segundo plano no Jiu-Jitsu. Ele usa o esporte para aliviar a mente e descontrair.
“Não disputei nenhuma competição ainda, apesar do incentivo dos colegas. É que, cara, minha vida era competir o tempo todo; agora quando chega o fim de semana só quero me reunir com amigos e família e ficar numa boa, fazer aquele churrasco”, comentou.
Fabão ressaltou que, apesar de não competir, treina firme, e citou inspiração em ídolos do Jiu-Jitsu.
“A porrada rola solta na academia, é um treino competitivo. Tem tanta gente com quem gostaria de dividir o tatame. Sou fã do meu mestre Miogre Tavares em primeiro lugar, mas gostaria de rolar com as feras Melqui Galvão, Demian Maia, Buchecha e o Charles do Bronx, que é top para caramba”, finalizou Fabão.