Campeão da categoria até 99kg na seletiva do ADCC no Rio, João Gabriel Rocha (Soul Fighters) mostrou no Maracanãzinho, no último sábado, que seu Jiu-Jitsu sem o kimono também funciona que é uma beleza. O aluno de Leandro Tatu agora vai à China cheio de moral.
Com apenas quatro meses de faixa-preta, João Gabriel deu provas de que a derrota para Braga Neto no WPJJC de Abu Dhabi, na outra semana, não minou seu ânimo.
Em conversa com GRACIEMAG, o jovem de 22 anos comentou sobre o feito e lembrou a emoção de lutar de faixa-preta pela primeira vez: “Parecia que eu ia ter um filho!”. Confira:
GRACIEMAG: Você, com quatro meses de faixa-preta, já carimbou a vaga para o ADCC, na China. Qual foi seu diferencial para superar feras mais experientes?
JOÃO GABRIEL ROCHA: A tranquilidade. No WPJJC 2013, em Abu Dhabi, eu lutei muito travado, meio nervoso e acabou que não consegui mostrar 100% do meu Jiu-Jitsu. Foi minha primeira competição de faixa-preta e parecia que eu ia ter um filho (risos). Já na seletiva do ADCC deixei meu jogo fluir, lutei para frente e para finalizar. Deu certo. Fiz exatamente o que estava fazendo nas outras faixas. Acho que minha atuação ainda pode melhorar muito, mas no fim das contas eu me surpreendi. Só tive um dia para treinar sem kimono, e isso pesou um pouco por causa dos ajustes. A avaliação final é que lutei com caras muito mais experientes do que eu na faixa-preta e já consegui botar meu jogo em prática.
Como você analisa a final com Cristiano Lazzarini, o Titi da Gracie Barra?
Quando eu ainda era azul, o Cristiano já era um faixa-preta cascudo, né? Eu sabia que ele tem uma guilhotina muito forte e como estou com um problema no ombro, achei melhor puxar para a guarda e não tentar raspar de modo que minha cabeça ficasse exposta, perto do braço dele. Quando raspei de gancho, procurei não perder as posições, mantive a calma e esperei a hora certa para pegar as costas e dar o bote no pescoço. Fico feliz de lutar com um grande adversário que é o Titi.
Qual é o detalhe dessa raspagem de gancho?
Bem, um dos meus professores, o Rafael “Formiga” Barbosa, é especialista nesse tipo de raspagem e foi quem me ensinou. Só adaptei para usá-la sem kimono. Envolvo o braço do meu adversário e prendo; com a outra mão, vou no pulso dele e empurro o braço para baixo. Depois levanto o cara com minhas pernas e jogo para o lado do braço que segurei no pulso. Está raspado.
Além da medalha de ouro e da passagem para Pequim, o que você levou de aprendizado desse campeonato?
Aprendi que se você estiver bem com você mesmo, sem cobranças e feliz, seu jogo vai fluir. A chave do sucesso para mim é lutar feliz, sem cobranças, satisfeito por estar fazendo aquilo que ama.
Agora seu próximo compromisso é o Brasileiro, em São Paulo. Preparado para tentar vencer o superpesado?
Sim, podem esperar um João Gabriel jogando para frente assim como fui nas outras faixas. Estou cada dia mais maduro, apesar de ter só duas competições de faixa-preta. No fim das contas, eu estou com 18 anos de Jiu-Jitsu. Em relação à concorrência na categoria, nem gosto de ficar olhando muito, mas na faixa-preta só tem gente dura. Hoje em dia ninguém está de bobeira.