O Jiu-Jitsu foi feito para todos, pessoas de qualquer idade e peso que sonham em saber se defender sem se machucar ou causar machucados em ninguém.
Na medida que avançamos no aprendizado da arte, no entanto, dois aspectos se desenvolvem: o instinto e a consciência. Ambos importantes para o progresso do lutador, por certo, mas que também vivem se digladiando na mente do praticante.
Em preleção recente, mestre Carlos Gracie Jr. falou sobre o tema.
“Tem pessoas que tem muito conhecimento de Jiu-Jitsu e às vezes tem pouco instinto de luta. Nesses casos o conhecimento sobrepuja o instinto. E tem o outro lado, o camarada que tem pouco conhecimento e tem muito instinto. Apenas o instinto já o salva, pois permite que ele se safe das situações de risco, não seja finalizado à toa e lute bem”, explicou o faixa-coral Carlinhos Gracie.
“Já vi muitas vezes o cara saber sair da posição com o instinto, mas na hora de explicar a posição não sabe, pois não tem a consciência do que faz. Se ele um dia quiser ser professor não vai saber explicar a posição. Na academia eu tinha muitos graduados, faixas-pretas, que eu chamava para passar a posição. Eles pediam na hora: ‘Não, por favor, não me coloca para ensinar não’. Eles ficavam apavorados”, relembrou o fundador da Gracie Barra.
Como Carlinhos comentou, agora na Gracie Barra há muitos graduados fazendo aula de iniciante, para revisar o básico e poder ensinar ainda melhor e combater vícios e fundamentos que foram neglicenciados no passado.
“O joguinho de um atleta bem treinado muitas vezes só funciona quando está cheio de gás. Na hora que bate o prego, que ele está com meio palmo de língua para fora da boca ou quando ficar mais velhinho, o Jiu-Jitsu dele cai muito”, disse o Gracie. “A técnica, o conhecimento e a consciência deixam a gente tranquilo quando se está numa posição ruim. Porque é uma posição que exige o gasto de muita energia. E você tem de sair bonitinho, na hora precisa que o cara cometer um erro”.
“Eu sempre fui muito fã do básico. Depois que você tiver um bom Jiu-Jitsu básico, o resto se desenvolve sozinho. Você cria, inventa. O resto é fácil. O difícil é o A, E, I, O, U”, encerrou Carlinhos.